Saiu do próprio punho do ministro Celso de Mello, do STF, duríssima nota encaminhada à Folha sobre a convocação feita pelo presidente jair Bolsonaro para as manifestações contra o Congresso Nacional e o STF no dia 15 de março.

“Essa gravíssima conclamação, se realmente confirmada, revela a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de poderes, que demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato, de inequívoca hostilidade aos demais Poderes da República, traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do princípio democrático!!! O presidente da República, qualquer que ele seja, embora possa muito, não pode tudo, pois lhe é vedado, sob pena de incidir em crime de responsabilidade, transgredir a supremacia político-jurídica da Constituição e das leis da República!”, disse o ministro.

Outras lideranças também reagiram nas redes sociais:

Fernando Henrique Cardoso:

“A ser verdade, como parece, que o próprio Pr (presidente) tuitou convocando uma manifestação contra o Congresso (a democracia) estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas. Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto se tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo".

Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara:

"Temos que parar Bolsonaro! Basta! As forças democráticas deste país têm que se unir agora. Já! É inadiável uma reunião de forças contra esse poder autoritário. Ou defendemos a democracia agora ou não teremos mais nada para defender em breve”, disse Molon. “Ao não encontrar soluções para o país, ao se sentir sozinho, isolado e frágil, Bolsonaro apela ao que todos temíamos: a um ato autoritário contra a própria democracia. Não dá mais. Esses absurdos, exageros e atropelos têm que parar agora.”

Líder a oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP):

“Chega! As forças democráticas precisam repudiar este comportamento vil e impedir a escalada golpista”.

Lula da Silva (PT):

“Bolsonaro e o general Heleno estão provocando manifestações contra a democracia, a constituição e as instituições, em mais um gesto autoritário de quem agride a liberdade e os direitos todos os dias. O que o Brasil precisa é gerar empregos, tirar o povo da pobreza. Bolsonaro nunca combinou com democracia. É um falso patriota que entrega nossa soberania aos Estados Unidos e condena o povo à pobreza. Um falso moralista que acoberta o Queiroz e outros corruptos e criminosos”

Roberto Freire, presidente do Cidadania:

 “Mais do que crime de responsabilidade, é claro atentado à democracia e à República o apoio do presidente Bolsonaro a uma convocação de manifestação nitidamente antidemocrática. Pregação de uma quartela para fechar o Congresso e o STF.”

João Doria (PSDB), governador de São Paulo:

 “Devemos repudiar com veemência qualquer ato que desrespeite as instituições e os pilares democráticos do país. Lamentável o apoio do presidente Jair Bolsonaro a uma manifestação contra o Congresso Nacional. O Brasil lutou muito para resgatar sua democracia”.

Ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE):

“Se o próprio presidente da República convoca manifestações contra o Congresso e o STF, não resta dúvida de que todos aqueles que prezam pela democracia devem reagir. É criminoso excitar a população com mentiras contra as instituições democráticas e sem causa nenhuma, a não ser sua agenda anti-pobre, anti-produção e entreguista de nossas riquezas aos estrangeiros. Vamos lutar pela preservação da Constituição e pelo Brasil.” 

Miguel Reale Junior, jurista:

“Não sei o que ele tomou nesse carnaval para tomar um ato de tamanha ousadia. É gravíssimo. Convocar a nação para desconstituir um Poder está entre os itens que justificam um impeachment.” 

Presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR):

 “A auto propaganda é mentirosa. Não é patriota, está entregando as riquezas do Brasil. Muito menos incorruptível, com (Fabrício) Queiroz, Adriano (Magalhães da Nóbrega) e as milícias que lhe cercam.” 

Marco Vinholi, presidente do PSDB de São Paulo:

“A escalada da pauta autoritária apoiada pelo governo Bolsonaro é extremamente preocupante para a democracia, tendo mais um episódio inadequado incluindo o tema no ato do dia 15.”

Alexandre Frota:

Ex-apoiador de Jair Bolsonaro, coube ao deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) anunciar que pediu a advogados que preparem um pedido de impeachment contra o presidente. 
“Eu acabo de solicitar a uma junta de advogados que, diante dos fatos, ameaças e do disparo do vídeo do celular dele. Vou entrar com o impeachment, vou assinar. Bolsonaro prometeu que sempre lutaria pela democracia. Mentiroso. Ele está abrindo uma crise institucional”, disse o parlamentar.