Em Alagoas, os números para os casos de pessoas diagnosticadas com HIV, em 2019, chamam atenção e ligam o sinal de alerta. Neste ano, segundo os dados da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau), 1.015 pessoas descobriram que possuem o vírus HIV, sendo 259 com AIDS.E o número se torna ainda mais alarmante quando visto a nível nacional: são 38 mil pessoas que iniciaram o tratamento neste ano, segundo informações do Ministério da Saúde (MS).

No ano passado, um outro fator também chamou a atenção: jovens de 20 a 29 anos foram os que mais contraíram o vírus dentro dos novos casos, mas a maior incidência ficou na faixa etária de adolescentes com apenas 14 anos. O que representa, inclusive, um acréscimo em relação ao ano anterior, 2017. A boa notícia é que em comparação ao primeiro semestre deste ano esse número voltou a cair.

Em Alagoas, em 2019, foram diagnosticados 374 homens com HIV. Já as mulheres foram 219. A faixa etária de 20 a 29 anos do sexo masculino registrou maior número de casos: 170. Já entre as mulheres, 56 casos foram da faixa etária de 40 a 49 anos. 

Em Alagoas, somente este ano, 139 homens descobriram que estavam com HIV, enquanto nas mulheres o diagnóstico foi registrado em 64 ocasiões no primeiro semestre de 2019. Já para os casos de AIDS que foram confirmados neste mesmo período, o número registrado é de 37 homens e quatro mulheres, registrando uma redução de mais de 10% comparando ao ano passado. Na capital alagoana, 491 pessoas foram infectadas pelo vírus no ano passado, sendo 293 destas com AIDS.

De acordo com Sheila dos Anjos, coordenadora da campanha de prevenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), muito dos registros de HIV e AIDS ocorrem devido a uma série histórica que já vem se repetindo há quatro anos. “Essa faixa etária já vem de uma série histórica de mais ou menos quatro anos e tem crescido. É a faixa etária que os jovens têm maior iniciação sexual, são jovens que muitas vezes fazem o uso de bebidas, drogas, e muitas vezes não usam prevenção. É realmente a faixa que cresce mais”, contou a coordenadora.

“O estado tem trabalhado muito com relação ao diagnóstico precoce, e é exatamente com esse diagnóstico precoce que a gente descobre maior número de casos de HIV. Os 102 municípios, hoje, já tem a oferta de checagem rápida na atenção básica. Ou seja, qualquer pessoas que tenha a vontade, que deseja fazer o teste rápido seja para HIV ou outras DST, ele pode procurar uma unidade básica em seu município”, recomendou Sheila.

Ela também conta que existe uma atuação intensificada nas escolas e também nas empresas. O objetivo é conscientizar cada vez mais sobre as formas de prevenção e como lidar com essa realidade, e como se deve proceder nessas situações.

“A gente também tem feito um trabalho junto às escolas, empresas, e também com os 102 municípios, que é trabalhar como pega, como não pega, e a importância do estudo de prevenção. A gente tem feito um trabalho muito de perto com esses municípios, vários seminários esse ano sobre HIV, AIDS, hepatite... Nesses seminários colocamos muito a questão da PEP e da Prep. A PEP é quando você já tem uma exposição e faz uma profilaxia de 30 dias, e a Prep são as pessoas que iniciam a profilaxia sabendo que vai ter uma exposição sem o uso do insumo de prevenção. Hoje o Pan Salgadinho oferta a Prep para qualquer pessoa que queira”, explicou.

Por fim, sobre uma a faixa etária de 30 a 39 anos, Sheila explicou sobre que existe uma atenção desde a atenção básica, e que qualquer pessoa pode procurar uma unidade de saúde e solicitar os testes rápidos para poderem diagnosticar o quanto antes, e também se prevenir ainda mais.

“A gente trabalha muito na atenção básica, ou seja, está tendo um atendimento que não seja de DST e doenças crônicas, independente do que a unidade está trabalhando, sempre fazendo campanhas e palestras voltadas para a prevenção das DST e hepatites virais. Então hoje a gente tem trabalhado muito, e também em locais sem ser em unidades básicas, como em eventos como o do outubro rosa, por exemplo. Eventos do novembro azul, que está voltado para o câncer, sempre estão pegando o ganho para trabalhar a questão das DST”, disse Sheila, que alertou para o fato de que deve ter atenção até para cidades com poucos habitantes.

“A gente não trabalha muito por município, mas aqui dentro da coordenação a gente observa muito que a gente tem casos em praticamente os 102 municípios. Não é porque é um município pequeno que não vai ter, municípios com 10 mil habitantes que não vou ter. Quase 100% do municípios já tem casos diagnosticados com AIDS e HIV”, afirmou.

Em Maceió, 491 pessoas descobriram estar infectadas pelo vírus em 2018, enquanto 293 estão com aids. Já em segundo lugar aparece a cidade de Arapiraca com 68 casos de HIV e 23 de aids. Palmeira dos Índios apresentou um número de 19 portadores do vírus. 

*estagiário