O esquema da compra de imóveis através de empreiteiras e assessores do senador Fernando Collor (PROS) mostrou transações milionárias na aquisição de prédios que foram à leilão em Alagoas. As transações eram feitas praticamente em torno da família do assessor parlamentar júnior, Tarso Sarmento.
De forma mais prática, os valores usados nos leilões eram pagos pela empreiteira CCB Engenharia, que tem como sócio o sogro, a sogra e um cunhado de Tarso. Cabia a empreiteira pagar os valores referentes aos leilões e ainda repassar a comissão ao "laranja" de Collor.
Na ação cautelar do Supremo Tribunal Federal (STF), contra o senador, consta que um edifício na Rua Desportista Humberto Guimarães, no bairro da Ponta Verde, teria sido adquirido como forma de dissimular a natureza ilícita de valores obtidos por organização criminosa altamente especializada.
Segundo o informante, que repassou detalhes para a polícia, o chefe da referida organização criminosa seria uma pessoa muito influente, não sendo, no entanto, esclarecido e indicado quem seria a referida pessoa, apenas que teria se utilizado de testas de ferro para adquirir o tal empreendimento e teria injetado no local mais de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais oriundos de valores ilícitos).
Ainda segundo a ação, os supostos laranjas seriam José Luitgard Moura de Figueiredo Júnior e o assessor de Collor, Tarso Sarmento. Tarso teria feito aquisições de imóveis e admitido que parte do dinheiro usado para as compras foi transferida pela empresa CCB Engenharia.
O assessor de Collor disse que realizou em 27/09/2010, para venda, pelo valor de R$ 2.065.000,00, do bem arrematado à pessoa juridica CCB e que os pagamentos foram feitos por meio de cheques e que estes teriam fundos, pois a pessoa jurídica teria realizado transferência de R$ 425.000,00, em 27/09/2010, para pagamento da caução e da comissão do leiloeiro'.
Ainda no depoimento, para pagamento do restante, em 07/10/2010, foram transferidos R$ 1.000.000,00 da CCB; em 15/10/2010, foram transferidos mais R$ 50.000,00, em duas operações (uma de R$ 20.000,00 e outra de R$ 30.000,00 - fl. 44)'.
"Por fim, os R$ 210.000,00 que faltavam para completar o total de R$ 1.700.000,00 teriam sido pagos por Tarso Sarmento, que - recebeu o valor, parceladamente, da CCB até o registro da carta de arrematação", diz na representação de Raquel Dodge.
A PGR diz que há ligação entre a empreiteira e o assessor Tarso. Além disso, a empreiteira tem como sócios os pais e um irmão da mulher dele. A então procuradora-geral, Raquel Dodge, disse que “'há menção nos autos de que as pessoas jurídicas CCB, América e Plataforma possuem contratos vultosos com o Governo do Estado de Alagoas”.
“Contudo, considerando o contexto descrito anteriormente, chama a atenção pessoas jurídicas com as características descritas acima possuírem vínculos contratuais com o Estado, ainda mais em valores vultosos”, diz um trecho da ação.