Um grupo de deputados está solicitando à mesa diretora da Câmara dos Deputados, em Alagoas, a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a conduta do atual ministro Sergio Moro quando ele era juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba e responsável pelos processos da Lava Jato. O requerimento tem com base os diálogos que revelam relações próximas entre o ex-juiz e membros do Ministério Público Federal do Paraná. As conversas foram revelados em uma série de reportagens publicadas pelo site The Intercept.
Em Alagoas, o deputado federal Marx Beltrão (PSD), coordenador da bancada alagoana no Congresso Nacional, mais uma vez reafirmou nesta sexta-feira (20) sua posição contrária à criação e à instalação desta CPI. “Não concordo com esta idéia. Aliás, não vejo motivo para mobilizar o Congresso Nacional em uma CPI para investigar a Lava Jato. Muito pelo contrário, acredito que a Lava Jato precisa de apoio. Se ocorreram excessos, estes precisam ser corrigidos para que a Operação Lava seja aperfeiçoada e até mesmo ampliada” defendeu o parlamentar.
Ainda de acordo com Marx Beltrão, uma ampliação da Lava Jato poderia ser direcionada, por exemplo, para se investigar denúncias de corrupção no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). “O BNDES é uma instituição muito importante para o Brasil e é alvo de várias denúncias. Uma apuração destes fatos seria muito saudável, até para sabermos se de fato houve ou não desmandos neste Banco. A Lava Jato tem que ser defendida. É claro que ela não é imune a críticas e precisa de correções, como qualquer Operação. Mas não podemos jamais esquecer os inúmeros méritos da Lava Jato e sua contribuição para o Brasil”, defendeu Marx.
Clima de Incerteza
O clima de incerteza com relação à criação de uma CPI para investigar a Lava Jato está tomando conta do Congresso. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta semana que ainda não tomou uma decisão sobre a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lava Jato. Para Maia, a iniciativa pode gerar desarmonia e desequilíbrio entre os poderes da República, citando como exemplo que o preocupa a tentativa de alguns senadores de instalar no Senado a CPI da Lava Toga:
“É um tema muito sensível. Da mesma forma que a CPI do Senado interfere no Judiciário, aqui também não podemos nunca interferir no trabalho de um juiz ou de um procurador. Uma investigação sobre isso seria inclusive inconstitucional. Pode investigar um crime ou delito de outro poder, mas qualquer decisão de abrir uma CPI sobre outro poder é muito delicada, por isso que eu não tenho pressa.”