A mudança de discurso é clara. Ao surfar no altíssimo grau de insatisfação da maioria da sociedade nas eleições do ano passado, agora o clã Bolsonaro, através do vereador Carlos Bolsonaro, altera esse discurso.

Ao afirmar, através do Twitter, que ‘a democracia impossibilita transformações do País' na velocidade que “nós desejamos”’, transfere para outros a incapacidade do cumprimento das promessas de campanha. Essa, sim, é a estratégia por traz do ‘suposto’ ataque a democracia.

Ora, tem sido uma repetição do governo e de aliados investirem contra imprensa, STF, Congresso, partidos, lideranças e até contra ex-aliados como forma de expô-los como inimigos, aqueles que impedem as transformações.

Ou seja, tudo não passa de uma estratégia para justificar o desemprego, a demora na recuperação econômica, a manutenção dos privilégios e a corrupção quando, ao fim e ao cabo, posicionamentos e palavras do presidente Jair Bolsonaro criaram crises e atrasaram promessas de campanha.

Esse governo não poderia ser diferente, uma vez que o histórico político do então deputado e agora presidente nunca foi de combate a privilégios, desmandos de políticos, corrupção na máquina pública.

Ele sempre foi um parlamentar militar-sindicalista, defensor de estatais e com uma longa trajetória de infidelidade partidária.

E nos gabinetes da ‘família’ o que se tem sabido é o uso da antiga estratégia de empregar cabos eleitorais, suspeita de ‘rachadinha’ de salários, entre outros esquemas conhecidos.

Por isso não estranhe quando ele reduz o poder de Sérgio Moro ao interferir no Coaf e na PF, a aliança com o presidente do Supremo, Dias Toffoli, que livrou Flávio Bolsonaro, filho e senador, de uma investigação, e que em troca atua para barrar a CPI da Lava Toga.

Assim segue Jair Bolsonaro, filhos e alguns aliados. Um dia anima a sua tropa dando uma ‘descarga’ na democracia. No outro age inversamente ao que prometeu ao seu eleitorado.