O novo episódio do suposto conluio entre os heróis da Lava Jato, o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, é assustador. Um diálogo entre os dois publicado pelo site BuzzFeed News mostra o juiz aconselhando o procurador a não requerer a apreensão do celular do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Essa conversa teria ocorrido um dia antes da prisão do parlamentar, 19 de outubro de 2016. Leia abaixo a conversa entre os dois pelo Telegram:

 11:45:25 Deltan: Um assunto mais urgente é sobre a prisão

• 11:45:45 Deltan: Falaremos disso amanhã tarde

• 11:46:44 Deltan: Mas amanhã não é a prisão?

• 11:46:51 Deltan: Creio que PF está programando

• 11:46:59 Deltan: Queríamos falar sobre apreensão dos celulares

• 11:47:03 [Moro]: Parece que sim.

• 11:47:07 Deltan: Consideramos importante

• 11:47:13 Deltan: Teríamos que pedir hoje

• 11:47:15 [Moro:] Acho que não é uma boa

• 11:47:27 Deltan: Mas gostaríamos de explicar razões

• 11:47:56 Deltan: Há alguns outros assuntos, mas este é o mais urgente

• 11:48:02 [Moro]: bem eu fico aqui até 1230, depois volto às 1400.

• 11:48:49 Deltan: Ok. Tentarei ir antes de 12.30, mas confirmo em seguida de consigo sair até 12h para chegar até 12.15

• 12:05:02 Deltan: Indo

 

Bom, ninguém sabe o que Moro e Dallagnol conversaram presencialmente, mas o procurador orientou a equipe que chefiava e depois informou ao juiz com a seguinte mensagem:

• 14:16:39 Deltan: Cnversamos [Conversamos] aqui e entendemos que não é caso de pedir os celulares, pelos riscos, com base em suas ponderações

• 14:21:29 [Moro]: Ok tb

 

Questionados pelo BuzzFeed News sobre o motivo pelo qual fugiram do padrão da Lava Jato ao não pedirem os celulares,  tanto a força-tarefa da Lava Jato quanto a assessoria do Ministério da Justiça explicaram que os aparelhos haviam sido apreendidos em uma operação anterior,  a Catilinárias, em 15 de dezembro de 2015.

 

A questão é que prisão de Eduardo Cunha e a decisão por não apreender os novos aparelhos do político aconteceram quase 10 meses depois.

 

Estranho, não?

 

Por que foi necessária uma reunião para definir que os novos telefones do ex-parlamentar seriam desnecessários?

 

Há quem pense em atuação política, ou seja, que não havia interesse em questões que pudessem levar a conversas sobre a articulação e o impeachment da presidente Dilma Rousseff.  

 

Pois bem, é exatamente por isso que já tem muita gente reagindo de forma indignada:

 

“A não apreensão do celular do Cunha impediu que tomasse-mos conhecimento das articulaçôes do impeachment da Dilma.Que interesses o financiaram e a quem aproveitaria?
É isto Moro?
É isto Dalanhol ?”, questionou nas suas redes sociais o ex-senador paranaense Roberto Requião.

 

Suspeitas estão corretas ou tudo não passa de jogo político e teoria da conspiração?