O presidente Jair Bolsonaro pode continuar fazendo e dizendo tudo o que tem feito até o momento. Barbaridades e idiotices para alguns, nada disso para outros.

Pode, inclusive, convocar os brasileiros a fazer menos cocô, tipo dia sim, dia não para mostrar ao mundo união, liderança, cuidado com o meio ambiente, etc, etc.

Pode proteger e cuidar dos seus adorados filhos 'sob o manto protetor do seu governo e do STF'. Enfim, pode quase tudo, um montão de coisas, mas se não resolver a economia corre o risco de não terminar o governo por exigência do empresariado e da classe política.

E caso consiga concluir, dificilmente terá musculatura para uma disputa presidencial. Embora ainda tenha uma poderosa força de apoiadores nas redes sociais e fale constantemente de forma direta com seus simpatizantes, seguidas pesquisas eleitorais o colocam como o presidente de maior desaprovação em poucos meses de governo.

Um fortíssimo sinal foi dado neste domingo (11), aqui ao lado, na Argentina. Alberto Fernández venceu, nas prévias, o presidente Mauricio Macri, com uma surpreendente diferença de mais de 15 pontos, 47,4% a 32,2%. As eleições estão programadas para 27 de outubro.

E o tema decisivo para que os derrotados da última eleição estejam a um passo de retornar ao poder não foi corrupção – mesmo com a presença da ex-presidente Cristina Kirchner como vice de Fernández -, violência, ideologia, direita e esquerda.

O tema da foi economia, emprego, esperança no futuro, ideia central que reelegeu FHC, Lula, Dilma. O fracasso econômico de Macri foi o fator central na derrota humilhante. Ele não cumpriu o que prometeu na economia.

Por aqui a nossa economia registrou retração de 0,13% entre abril e junho deste ano na comparação com o primeiro trimestre, segundo o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), espécie de "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (12). São dois trimestres seguidos de tombo do PIB. Dizem que o Brasil já entrou em recessão técnica.

Bom, não dá pra saber se Jair Bolsonaro entendeu, ou se vai perguntar ao ministro da Economia. Mas os dias passam, o cerco se fecha e a desesperança no seu governo e na sua capacidade de gestão só cresce.