A estratégia do presidente Jair Bolsonaro é a polêmica criada pelas suas declarações que gera polarização. Assim sempre ele foi e agora ainda mais, pois é dessa forma que alimenta os seus seguidores contra os inimigos reais ou imaginários dessa turma: cineastas, ambientalistas, artistas, esquerdistas, jornalistas, cientistas, nordestinos, entre outros.

Esse esquema de polarização não foi criado no Brasil. Ele ocorre nos Estados Unidos de Donald Trump e ainda em outros países. A diferença é que por essas bandas o presidente gera polêmica dia sim e... no outro também, por atitudes e/ou palavras.

E na sua primeira visita ao Nordeste após ter chamado o povo da Região de “paraíbas” e de ter ordenado ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que não precisava “ter nada” com o governador do Maranhão, Flávio Dino, em uma clara discriminação, a confusão já está armada.

Bolsonaro, nesta terça-feira (23), inaugura o aeroporto em Vitória da Conquista, convidado anteriormente pelo governador da Bahia, Rui Costa (PT), que desistiu de participar do evento. Vereadores do município também anunciaram que não vão, assim como outros políticos petistas e não petistas.

E o que teria azedado a festa? Uma série de fatores, como as declarações do presidente sobre os governadores nordestinos e, durante a organização da cerimônia, na semana passada, o governo federal estabeleceu que, de 300 pessoas convidadas para o evento, o Estado teria direito a indicar 70. Depois, que seriam 600 convidados – e que o governador poderia chamar apenas 100.

De acordo com a coluna Painel, da Folha, “Palco de ato com Jair Bolsonaro, nesta terça (23), o novo aeroporto de Vitória da Conquista (BA) foi coberto por tapumes. Não será possível ver o presidente do lado de fora”. Esse distanciamento do povo também foi outro motivo que teria desagradado os políticos baianos.

E não esqueça, leitor, que Bolsonaro não é idiota e tudo é estratégia: confronto, conflito, divisão. É isso que o alimenta e o fortalece politicamente.

 Só não dá pra prever até quando.

EM TEMPO - O aeroporto leva o nome do cineasta Glauber Rocha, nascido na cidade. O clima desagradável gerado por conta das agressões de Bolsonaro à Região teria feito com que Paloma Rocha, filha do homenageado, cancelasse a sua presença.

O aeroporto teve investimento de R$ 106 milhões, sendo R$ 75 milhões do governo federal e R$ 31 milhões do governo do estado. Os recursos foram liberados nos governos Dilma e Temer. Ou seja, nem um ‘vintém’ foi liberado pelo atual chefe do governo federal.