“Fiz uma promessa de que, se um dia voltasse a enxergar, quando eu tivesse condições, iria dedicar a minha vida, parte dela, aos animais de rua”. A história do Centro de Recuperação Animal Esperança (CRAE) está ligada diretamente com a história de superação e fé da fundadora Meyre Vania.
Meyre conta que tudo começou quando tinha 23 aos e possuía uma forte miopia que, mais adiante, provocou a perda da visão. Ela contou que chegou a sair pelas ruas de Maceió e, após se perder no centro da capital, um cachorro de rua “a resgatou”.
“Um vira lata encostou perto de mim. Minha bengala tinha uma correia e consegui colocar no pescoço dele, e ele começou a andar. Não sei quanto tempo ficamos andando. Sei que ele me colocou em um lugar com bastante gente. Peguei um táxi, voltei para casa e nunca mais vi esse vira lata”, disse Meyre, que afirmou ter sido essa motivação para criar a ONG que ela tem hoje. “Fiz uma promessa de que, se um dia voltasse a enxergar, quando eu tivesse condições, iria dedicar a minha vida, parte dela, aos animais de rua”, contou.
Após três anos, ela recebeu a notícia de que havia uma família disposta a doar as córneas de seu filho de 15 anos que havia falecido. Foi então que, após recuperar a visão e concluir o ensino superior, era a hora de cumprir a promessa que havia feito. “Comecei com 30 cães, adotei uma chácara no Village, resgatei esses animais mais idosos, doentes, e após curar, colocar para adoção. Mas aí as pessoas começaram a depositar os animais na minha porta, e hoje tenho 216 cães e 50 gatos”, disse Meyre.
Agora o próximo passo é regularizar o abrigo, que atualmente está com 266 animais, e obter ajuda do Ministério Público, pois, segundo ela, caso não consiga, o CRAE terá que fechar as portas. “Com tudo regularizado, ainda tenho que dar entrada no município como utilidade pública e esperar por dois anos de comprovado o exercício de prestação de serviços, para que depois eu possa, através de projetos, pleitear verbas que dê condições do abrigo se sustentar”, contou Meyre.
“Tenho um custo mensal de R$ 11 mil por mês e só arrecado R$ 1.200,00, R$ 1.500,00 de doações. A luta é diária e não existe ajuda do poder público. Tem custos com funcionários, com o prédio que é alugado, o alimento deles, remédios. Uma série de recursos que são necessários para manter o abrigo.”, afirmou.
Meyre também chama a atenção para a falta de atenção por parte de quem adota esses animias de rua, além do apoio do poder público, uma vez que, segundo ela, não oferece ajuda para custear a manutenção do local.
“A tutela dos animais de rua é de responsabilidade do poder público. O poder público teria que promover a castração. O poder público sabe e tem conhecimento de que existem ONGs já registradas e fazem a regularização como o CRAE. A gente pede condições para manter os animais, para medicamentos, para que a gente possa correr atrás do restante”, disse ela, que se atentou aos cuidados para evitar a proliferação de doenças.
“Há pouco tempo queriam eutanasiar dois mil cães detectados com lestimoniose. Mas a doença também é passada do homem para o animal. Você tem que tratar, vacinar. A falta de políticas públicas permitiu que a lestimoniose afetasse tanto os humanos como os animais.”, afirmou.
Por fim, Meyre conta que hoje o CRAE está em processo de mudança, e passará a se chamar Instituto com Patas, e que até que o processo seja concluído, o apoio de todos é muito importante. “Pode entrar em contato diretamente no número (82) 99929-0761. Os dados são: Agência 0840, operação 013, conta 0108464-9. Todas as doações tem recibo emitido para que o doador saiba como o seu dinheiro foi usado no abrigo”, finalizou.
Já que a ONG está passando por uma transição, a conta para doação está sendo no nome de uma pessoa física, mas que as pessoas que doarem vão receber um recibo de confirmação da doação.
*estagiário sob a supervisão