Reconhecido no meio advocatício pela sua atuação nos tribunais em Alagoas e em Brasília, o ex-desembargador eleitoral do TRE/AL Fábio Gomes – indicado pela OAB, usou, nesta segunda-feira (10), a sua página no Facebook para analisar os diálogos suspeitos entre procuradores da República de Curitiba que atuam na Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro revelados pelo The Intercept.  

“Na minha modéstia opinião nosso Sistema Processual não admite um Juiz herói, pois, para alcançar tal protagonismo somente poderia fazê-lo mediante a violação da imparcialidade, passando a figurar tal magistrado, para dizer o mínimo, como coautor da acusação, atraindo a angulação processual do cidadão contra o Estado, e nessas circunstâncias a defesa se transforma numa mera legitimação para a condenação. O conluio entre a acusação e o Juiz é um ato de corrupção tão reprovável e danoso para a democracia quanto o desvio de recursos públicos,” afirmou Fábio Gomes (leia aqui). 

Como é natural pela relevância da questão, logo surgiram opiniões de nomes também importantes da categoria:  

“Perfeito. Isso é crime contra o Estado Democrático”, escreveu o advogado José Fragoso.  

Cesar Soares Campos - "Não tão Humilde Dr. Fábio pois quem o conhece sabe o excepcional advogado que és. E esta totalmente correto na sua afirmação. E fica bem claro todas essas denúncias que apareceram desde ontem quando se vê que o próprio magistrado acusado quebrou ilegalmente o sigilo de uma presidente com o intuito de derruba-la. Sem contar que grampeou on line os advogados do reu para monitira-los.Na verdade todos nós sabíamos desse crime cometido, só faltava as provas. Agora apareceram. 

Antonio Roberto Brandão Barbosa - Conversas entre Juiz, advogados, promotores e procuradores, é algo natural! Coluio, é um pouco demais! As investigações, ocorrerão, no sentido de esclarecer o vazamento, pois, não houve Crime nas conversas. 

Ednaldo Maiorano -  " Resta o lamento dramático e a entrega narrativa da própria dignidade, corroída pelo esforço impossível de legitimar uma indefensável ilegalidade. Esgotada sua serventia, desvelada a humanidade, resta a você o papel de cordeiro: passível de ser sacrificado no altar do próprio autoritarismo, ainda que mostre incredulidade diante dessa possibilidade. Talvez a sorte seja generosa e você apenas caia na obscuridade. Lamento de um Moro, Moro das lamentações. Equivocado até o final, ainda lhe escapa a ideia de impessoalidade. A Tragédia de um Moro é a morte metafórica de uma pseudodivindade. Que ela descanse em paz. A democracia agradece”. 

O fato é que Sergio Moro sangrou pela primeira vez. A imagem de herói está se esvaindo lentamente. Ao deixar de ser juiz e optar pela política pode ter tomado uma decisão equivocada para quem era o exemplo de luta contra a corrupção. O que se tem agora é uma suspeita nuvem de fumaça que envolve a todos da Lava Jato, mesmo que o que já está e o que vier a ser revelado não sirva para anular as provas nem beneficiar este ou aquele.

Mas o SuperMoro está nu.  

As doses erradas de vaidade, ilegalidade e poder acaba deixando cadáveres. Como diz o ditado, “muitas vezes o mundo não gira, ele capota”.

Uma verdade, especialmente quando o atingido é o mesmo cidadão que conscientemente vazou criminosamente o áudio de uma presidente da República.