Não tem muitos anos que ouvi do empresário João Lyra que até o lado vencedor em uma “guerra” também acaba perdendo. Estranhei o comentário vindo de quem aparentava gostar das disputas que viveu no passado e das que enfrentava no presente no campo empresarial e político. Depois entendi que há prejuízos financeiros, emocionais para todos os lados, vencedores e derrotados.

No caso da Braskem e os problemas geológicos que provocou nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro na exploração do sal-gema deve ficar claro entre os envolvidos que agora é preciso calma, frieza, inteligência, união e bom senso.

É que se revolta e ódio prevalecerem será a empresa quem irá se beneficiar.  Ou seja, sem uma estratégia coletiva por parte da população atingida o caso caminhará para ser decidido nos tribunais e, como sabemos, levará anos com seus laudos e posicionamentos divergentes apresentados através de recursos.

O presidente do Tribunal de Justiça, Tutmés Airan, recentemente adiantou uma ideia em que propunha que o caminho ideal seria mediar o conflito (leia aqui). Mais rápido, menos doloroso, o entendimento de alguma forma faz com que os atingidos sigam em frente. É que numa questão desse tipo e porte não dá pra antever o que vai ocorrer, o que vai sair da cabeça de um juiz.

Nada, nada vai pagar o sofrimento de milhares de pessoas que viram suas vidas simplesmente ruírem. Teve gente que morreu de tristeza, de tensão, de raiva. O coração não suportou. Doenças surgiram ou foram agravadas. Nada vai apagar tanta dor. Mas o ódio como guia apenas mantém e alimenta o problema.

Há quem defenda o fechamento da empresa. O problema é que essa ideia soa como vingança que gera mais dor porque- se implantada - causa o fim de milhares empregos diretos e indiretos de toda uma cadeia produtiva e perda na arrecadação de impostos.

Portanto, é hora de seguir em frente com o devido ressarcimento de forma rápida para aliviar o sofrimento e os dissabores causados aos moradores dos três bairros.

Ainda bem que o MPE, o TJ, Defensoria Pública, prefeitura e governo dão sinais de apoio aos atingidos.