Pensador e orientador do clã político da família Bolsonaro, o escritor-astrólogo Olavo de Carvalho já atacou, pelas redes sociais, uma fila de generais que ocupam cargos estratégicos e que dão sustentação ao governo Jair Bolsonaro.  

Na lista dos espancados estão o vice-presidente Hamilton Mourão, o ministro Santos Cruz, Augusto Heleno (GSI), Floriano Peixoto (Secretaria Geral), Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Edson Pujol (comandante do Exército) e, por último, entrou na linha de tiro ao alvo o ex-comandante Eduardo Villas Bôas.

O que há por trás de tudo isso, na verdade, é uma disputa sobre quem tem maior capacidade de controlar e influenciar o presidente Jair Bolsonaro, sabidamente um político inteligente, mas limitadíssimo para gerir politicamente e administrativamente o Brasil.

Caso algumas questões visíveis e trágicas continuem caminhando próximas e se cruzem mais adiante, o risco de continuarmos seguindo rumo ao fundo do poço sem fim permanece, sem que seja possível avaliar neste momento o tamanho da tragédia que nos aguarda.

Alguns desses problemas explosivos são: insatisfação dos militares que exercem cargos de primeiro escalão do governo; reação de políticos, estudantes e familiares por conta dos cortes na educação; continuidade da queda na arrecadação de estados e municípios; e mais desemprego, mais desalento, mais descrédito.

Outros dois problemas com potencial complicador ainda maior do que os citados acima também estão no radar, vejamos: o deputado federal deputado Capitão Augusto Rosa (PR-SP), presidente da Frente Parlamentar da Segurança Pública - líder da bancada da bala - disse ao Valor (leia aqui) “que o presidente Jair Bolsonaro pode não concluir seu mandato”.

Avaliação é que a relação política entre parlamentares e governo é muito ruim e se a economia piorar há risco de impeachment. “O bombeiro fala que o ambiente está gasado (com gás), falta só a faísca para explodir. Ambiente gasado tem insatisfação política e insatisfação popular. A insatisfação política já está instalada, a olhos vistos”.

O outro problema pode ser Lula da Silva, segundo análise feita pela Eurasia Group (leia aqui). Consultores da empresa avaliam que a possibilidade de o ex-presidente cumprir pena no regime semiaberto é um complicador. Ele solto poderia ser uma voz forte contra as políticas do governo Bolsonaro (ou falta delas?), especialmente quanto à reforma da Previdência.

É que Lula é a maior liderança política do Brasil, capaz de eleger e reeleger um poste (Dilma Rousseff), liderar pesquisas preso e impedido de disputar o pleito indicar um candidato e levá-lo ao segundo turno (Fernando Haddad). Portanto, o ex-presidente solto é capaz de influenciar a opinião pública.

No relatório, os analistas da Eurasia dizem que “A opinião pública sobre a reforma da Previdência é a variável mais importante. Embora não esperemos um crescimento significativo da oposição, este [a participação de Lula no debate público em caso de progressão de regime] é um importante fator para monitorar".