Depois de permitir, sem tomar providências, flagrantes descumprimentos da legislação através, por exemplo, de vazamentos seletivos para meios de comunicação de investigações da Lava Jato, o STF reagiu, mas de forma pouco inteligente.

Durante cerca de dois anos o Supremo assistiu calado abusos e excessos de várias operações. Há quem diga que faltou coragem de ir de encontro a maioria da opinião pública.

Porém, foi só a mira da arma apontar para membros do Tribunal para vir a reação. É que advogados de Marcelo Odebrecht teriam informado ao Supremo Tribunal Federal que houve pressão de procuradores para que o nome do presidente do STF fosse citado em sua delação.

A estratégia dos procuradores de Curitiba, de acordo com a revelação publicada pelo site BuzzFeed News (leia aqui), seria usar a citação futuramente para pressionar o presidente a manter a autorização para prisões após condenação em segunda instância.

O que poderia ser uma bala de ouro para o futuro saiu pela culatra após o material ter caído nas mãos da revista Crusoé, que prontamente publicou a reportagem que trata do “amigo do amigo do meu pai”.

Contudo, ao censurar essa matéria o STF trouxe contra si forte reação. Posicionamento deu, ainda, grande visibilidade a um fato e a uma citação que não apresenta um vestígio sequer de pagamento de propina ou de relação suspeita.

A crise está instalada entre o MPF e o STF. E no Supremo ministros tornaram público descontentamento com a decisão do ministro Alexandre de Moraes de censurar a revista. Alguns senadores voltaram a querer uma CPI e há quem defenda o afastamento de Toffoli e Moraes.