Um sopro de esperança contra os intolerantes e idiotas que conquistaram mandatos populares e cargos de primeiro escalão em governos estaduais e, principalmente, no governo federal, a eleição do novo presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, nesta quinta-feira (31).
Depois de ter sido gerida por presidentes omissos, a OAB nacional parece que tende a voltar a um dos seus eixos, conforme anunciou Santa Cruz, que disse que sob seu comando a ordem atuará para proteger o direito de defesa no País e os que estão “frágeis”.
Basicamente, Felipe Santa Cruz quer colocar a entidade na linha de frente da defesa do direito de minorias e daqueles que “não têm vez”. O advogado tem 46 anos, é pernambucano criado no Rio Grande do Sul e formado no Rio pela PUC.
Filho de um desaparecido político da ditadura militar, Felipe Santa Cruz já chamou Jair Bolsonaro de “fascista”. Em 2011, durante palestra na Universidade Federal Fluminense (UFF), o então deputado federal afirmou que Fernando Santa Cruz, pai de Felipe, teria morrido “bêbado” após pular o carnaval. Membro do grupo “Ação Popular”, Fernando foi preso pelo governo em 1974 e desapareceu.
Em 2016, presidente da OAB do Rio, Felipe Santa Cruz iniciou um movimento para pedir ao STF a cassação do mandato do deputado Bolsonaro por apologia a tortura. Ao votar pelo impeachment de Dilma Rousseff, o então parlamentar fez uma homenagem a Carlos Brilhante Ustra, que comandou o Doi-Codi de São Paulo, centro de tortura durante a ditadura.
Apesar do histórico de desavenças, Felipe Santa Cruz garante que aterá postura institucional à frente da OAB e não de enfrentamento ao governo por seu passado com Bolsonaro.
“Que aqueles que acreditam que o processo civilizatório pode ter rupturas que se tranquilizem, porque aqui está o escudo da Constituição”, disse ele na cerimônia na sede do Conselho Federal da OAB em Brasília.
A esperança é que esse ideal contamine a Ordem nos Estados.