Advogados, juízes, dirigentes de associações de magistrados, ministros do STJ e do STF são críticos duros do “simples” encontro entre o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e o juiz federal Sergio Moro para discutir possível ida para o Ministério da e/ou uma indicação futura para o cargo de ministro do STF.
Para essa turma, ele fica sob suspeição para continuar a frente dos processos do ex-presidente Lula porque como julgador demonstrou ter interesse pessoais a partir de aspirações políticas - os cargos, no caso concreto. Além disso, Lula é um político petista e o seu partido disputou o segundo turno com o do capitão e este, por exemplo, pregou a eliminação dos "petralhas".
Juliano Breda, advogado que atua na Lava Jato e preside a OAB no Paraná, entende que a posição de Moro em 'pensar' no convite de Bolsonaro já denota suspeição: "a declaração evidencia uma aproximação político-partidária incompatível para a isenção que se espera de um magistrado que, neste caso, julgaria o ex-adversário político do presidente eleito".
Editorial da Folha desta quinta (1) vai na mesma linha e diz que o juiz "comprometeu sua independência como magistrado de maneira irremediável" e não tem como seguir à frente da Lava Jato; "Sobe ao palco o juiz inebriado pela adoração popular e pela chance de entrar na política". Para o jornal, o fato de ter sido convidado e a reação de Moro já são suficientes para por "em dúvida sua isenção" e ensejará "pedidos para que tribunais superiores revisem suas sentenças com olhar crítico".
Parece fato que Sérgio Moro meteu os pés pelas mãos. Ainda mais quando é revelado pelo vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, que o convite foi feito por Jair Bolsonaro ainda na campanha eleitoral. Durante a disputa, exatamente no dia 1º de outubro, a menos de uma semana antes do primeiro turno, Moro quebrou o sigilo da delação premiada de Antonio Palocci, liberou a divulgação para a imprensa e prejudicou a campanha petista.