Têm razão os milhares de brasileiros que derrotaram no primeiro turno um monte de candidatos tradicionais, mesmo havendo gente boa e gente ruim no mesmo pacote. Também há razão para a escolha de candidatos totalmente fora da política (outsiders), ou aparentemente fora da política tradicional.

A ‘leva’ de insatisfeitos é imensa e, até agora, majoritária. Isso explica situações em Minas, Rio, Brasília. Explica, inclusive, a provável vitória de Jair Bolsonaro, um político profissional que aparenta ser ‘de fora da política tradicional’, mas que acertou no discurso sobre segurança e no antipetismo, por exemplo.

Porém, estou pessimista. O que leio, escuto e vejo das declarações do presidenciável do PSL é que não entende de determinado tema, mas vai se cercar das melhores cabeças. É o caso da economia. Quando trata do tema Bolsonaro diz que vai ouvir o empresário do mercado financeiro Paulo Guedes para decidir.

Também diz que pretender fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente para evitar atritos. Diz ainda que a Amazônia precisa ser explorada mais e o meio ambiente preservado.

Ora, que #&*@”!%  isso significa?

Bom, se você reconhece que não entende ou não domina um determinado tema como saberá que escolheu o melhor conselheiro?

O que sabemos é o que é dito pelos próprios aliados de Bolsonaro. Com a certeza da vitória, aqui e ali eles soltam o que realmente pensam.

O conselheiro agrícola ou para o meio ambiente, Luiz Antonio Nabhan Garcia, que é um importante líder ruralista, é contrário ao Acordo de Paris, que media ações internacionais para o controle do clima global, defende abertamente o desmatamento na Amazônia e afirma que o Acordo de Paris, "se fosse papel higiênico, serviria apenas para limpar a bunda".

Talvez o moço citado, um futuro ministro ou influente conselheiro do presidente, caso eleito, seja muito transparente, bastante sincero em suas opiniões.

Também pode ser o que no sertão alagoano é chamado de animal brabo, daqueles que até coice dá na própria sombra. Um personagem que quando você encontra e deseja ‘bom dia’, ele responde de volta: ‘pode ser pra você, pra mim, não’ e segue em frente.

O fundo do poço parece ainda bem distante.

Leia a reportagem sobre essa questão aqui e tire as suas conclusões.