Ter um plano de saúde é essencial para qualquer pessoa, principalmente para os idosos que estão mais propensos a doenças. Entretanto, para um idoso que paga as despesas da casa com um salário considerado “baixo”, o “luxo” de ter um plano de saúde tem sido repensado entre os idosos. Mas quase não há alternativa devido à recusa das operadoras com idosos que possuem a faixa etária mais elevada.
Em Alagoas, o casal de idosos Ivanilda Albuquerque, 81 anos e Benedito Amâncio, 82 vivem esse dilema. Até julho deste ano eles pagavam R$ 1.507 de plano de saúde com muito esforço, mas após receberem a notícia de que o plano tinha aumentado para R$ 1800 o desespero tomou conta deles.
“Nós pensamos agora: e se cancelarmos o plano? Será que vamos passar mal e ter que ir para o HGE [Hospital Geral do Estado?] Vamos ter que começar a cortar alguma despesa dentro de casa para manter o plano ativo” disse Ivanilda.
Assim que souberam do aumento de quase R$ 300, o casal pensou em mudar de plano para um mais barato, mas o problema ficou ainda maior quando eles descobriram que pela idade não há mais nenhum plano que aceite os dois como beneficiários.
“Por causa da idade os planos não nos aceitam mais. O que vai ser da gente agora? Pagamos nossas despesas de dentro de casa e ganhamos pouco, sabemos que é necessário ter plano de saúde porque a qualquer momento podemos precisar. Mas não temos opção: ou pagamos o plano com esse valor alto ou cortamos e vamos ficar jogados nas macas do HGE”, ressaltou Benedito.
A aposentada Nívea Alves, 73 anos, é outro exemplo de que o aumento no plano de saúde tem se tornado caro à medida que a idade vai chegando.
“Eu pagava R$ 800 no plano antes de completar 70 anos. Quando completei 70 ele aumentou... com 71 ele foi para R$ 1.100 e assim foi crescendo o valor. Agora, com 73 anos, pago R$ 1400”, disse a aposentada.
Assim como Ivanilda e Benedito, Nívia também procurou mudar de plano, mas por causa da idade não conseguiu. “Pesquisei bastante e vi que nenhum aceitava mais que eu fosse cadastrada neles. Não tenho outra opção a não ser continuar pagando caro já que o SUS não tem futuro. Sabemos que se houver alguma necessidade pelo menos tem um amparo tendo plano de saúde”, enfatizou Nívia.
O que diz a ANS?
Para a Agência Nacional de Saúde (ANS), a proibição de reajuste das mensalidades para maiores de 60 anos deveria acontecer somente para usuários de planos contratados depois de 2004, quando o estatuto do idoso entrou em vigor no Brasil. A ANS também definiu que, para os planos de saúde contratados antes de 1999, o reajuste por idade só ocorre se estiver no contrato.
Redução de beneficiários
De acordo com dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), até outubro de 2016 mais de 400 mil pessoas contava com o serviço de saúde em Alagoas, no entanto em maio de 2018 esse número chegou a 380 mil, o que corresponde a uma redução de mais de 5% de beneficiários do serviço no estado.
Alagoas é o terceiro estado do Brasil com maior redução no número de beneficiários de planos de saúde, ficando atrás apenas de Mato Grosso do Sul e Roraima. Já no ranking do Nordeste, Alagoas aparece em primeiro lugar, seguido de Pernambuco (-2,6%) e Bahia (-0,63%).