A política brasileira está completamente dominada por sobrenomes tradicionais, de pai pra filho, repetidamente. É até possível afirmar que cargos efetivos na administração pública e cargos comissionados também carregam, em muitos casos, sobrenomes famosos.
O presidenciável Jair Bolsonaro, por exemplo, além de ter os três filhos como políticos profissionais, o seu irmão Renato Bolsonaro foi sustentado pelos cofres públicos durante três anos, recebendo R$ 17 mil por mês na Assembleia Legislativa de São Paulo no gabinete de André do Prado (PR), um velho aliado político de Bolsonaro, segundo reportagem de João Filho, no The Intercept.
O clã de Jair Bolsonaro é apenas mais um incrustrado no nepotismo brasileiro. De acordo com Ricardo Costa Oliveira, que estuda a presença das famílias no poder, 62% da Câmara é formada por deputados originários de famílias políticas, enquanto no Senado esse número sobe pra mais de 70%.
Mais da metade dos ministros de Temer são representantes de famílias políticas. A lógica de domínio pelo parentesco também se dá em todas as outras esferas de poder da sociedade. Além dos executivos e legislativos estaduais e municipais, famílias tradicionais dominam o Ministério Público, todos os níveis do judiciário, os tribunais de contas e a mídia.
Ou seja, poder político e econômico caminham unidos dentro do estado brasileiro há décadas.