O Núcleo de Agrotóxico da Adeal, em ação conjunta com o CREA-AL, realizou uma inspeção em 18 unidades industriais e encontrou irregularidades em todas as empresas. A principal irregularidade foi a falta de receituário agronômico.

A fiscalização, realizada entre os meses de abril e maio, teve como objetivo verificar o uso de agrotóxicos nas agroindústrias do Estado que utilizam e/ou armazenam agrotóxicos e produtos afins.

As unidades industriais, sendo a maioria delas do setor sucroenergético, localizadas nos municípios de Coruripe, Penedo, Teotônio Vilela, São Miguel dos Campos, São Luiz do Quitunde, Matriz do Camaragibe, Porto Calvo, Atalaia, Rio Largo e Maceió, apresentaram como principal irregularidade a falta de receituário agronômico.

Segundo o órgão de defesa, em todas as empresas foram encontradas irregularidades, tendo sido emitidos Termos de Inspeção para que as falhas detectadas possam ser corrigidas em um prazo determinado pelos fiscais.

No momento, os fiscais do órgão de defesa agropecuária observaram questões relacionadas à presença de notas fiscais e de receita agronômica para a aquisição dos agrotóxicos; guias de aplicação de agrotóxicos expedida por um engenheiro agrônomo ou técnico em agropecuária; declaração de devolução das embalagens vazias para a ADRAAL; armazenamento de agrotóxicos de acordo com a NBR9843; cumprimento da RDC 190/2017 da Anvisa e a aplicações aérea e mecanizada de agrotóxicos e a não reutilização de embalagens agrotóxicos no campo.

Atenção

De acordo com a equipe técnica da Adeal, a exposição de pessoas a produtos agrotóxicos seja no processo de armazenamento e manuseio das embalagens para a sua comercialização; seja pelo contato direto no processo de aplicação dos produtos nas culturas agrícolas ou até do consumo de produtos contaminados, pode provocar sérios problemas à saúde, a exemplo de irritação na pele e nos olhos, dores de cabeça constantes, vômitos, náuseas, dermatites e até câncer.

Os agrotóxicos podem causar três tipos de intoxicação: aguda, onde os sintomas surgem de forma rápida após a exposição excessiva por curto período a produtos altamente tóxicos, a exemplo dos aplicadores nas áreas agrícolas; subaguda, que é provocada por exposição moderada ou mesmo pequena a produtos altamente ou medianamente tóxicos; além da crônica, que é caracteriza-se por ser de surgimento tardio, após meses e anos de exposição pequena ou moderada a produtos tóxicos ou múltiplos tóxicos, como o caso dos estabelecimentos que comercializam produtos agrotóxicos.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), existem aproximadamente 15 mil formulações para 400 agrotóxicos diferentes, sendo que cerca de 8 mil encontram-se licenciadas no Brasil, que é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo.

Segundo a equipe técnica da Adeal, além do aspecto da saúde humana, há ainda a problemática do uso indiscriminado dos agrotóxicos. Nesse caso, a principal desvantagem do uso incorreto de agrotóxicos está no desequilíbrio ambiental ao ecossistema. “Esses produtos podem atingir organismos vivos que não são prejudiciais à lavoura e extinguir determinadas espécies fundamentais para o equilíbrio ambiental, além disso, podem alcançar o lençol freático e consequentemente atingir o corpo hídrico mais próximo”, alertou o chefe do Núcleo de Agrotóxicos da Adeal, Paulo Melo.

*Com Agência Alagoas