“Eles saíram de mim: do meu coração”. É assim que a advogada e empresária, Claudia Gerbase, descreve a sensação de ser mãe de dois filhos adotivos. Depois de várias tentativas de engravidar, a mãe conta que decidiu optar pela adoção.

“Estávamos tentando ter filhos há um tempão.  Descobri que tinha endometriose. Fiz a cirurgia pra tratar do problema. Fizemos tratamos de fertilização e nada. Desistimos de tentar e resolvemos adotar. Queríamos um filho. Não importa como seria. Nós o amaríamos sempre”, explica.

Assim como os 5698 pretendentes inscritos no Cadastro Nacional de Adoção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Claudia e o marido queriam adotar uma criança de até um ano de idade. O longo processo a que foram submetidos, fez o casal mudar de ideia.

“Não gosto nem de pensar neste período. Era muito doloroso visitá-los por meses e não poder levá-los pra casa. Esperar a burocracia e a boa vontade era cruel conosco e principalmente com as crianças.  Muitas perdem a oportunidade de serem adotadas pela demora do processo”, relata.

Só na fase de habilitação, onde o casal passa pelos trâmites judiciais para comprovarem aptidão para adotar, a mãe conta que esperou um ano. Em Alagoas, existem 394 pretendentes aptos e 78 crianças.

Segundo a juíza Laila Kerckhoff, auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça (CGJ), o que muitas vezes dificulta o processo de adoção é o perfil escolhido pelas famílias. De acordo com ela, a maioria dos pretendentes buscam por recém-nascidos, de cor branca, sexo feminino e sem irmãos, e essa não é a realidade encontrada nos abrigos.

"São muitas as crianças e os adolescentes de cor negra, que já estão com a idade mais avançada, possuem irmãos ou algum tipo de deficiência. É importante que haja uma flexibilização do perfil, para que a fila da adoção ande mais rápido", afirmou a magistrada.

Diante da demora, Claudia decidiu flexibilizar a preferência para aumentar as chances de realizar o sonho. Foi assim que os irmãos Pedro, então com 3 anos, e Raul, com apenas dez, ganharam um novo lar.

As crianças com irmãos são maioria entre as disponíveis no cadastro do CNJ. São 5064, ou 58.31%, das mais de oito mil crianças que esperam por um lar  no País.

“Nossa relação é ótima. Não há diferença alguma. E foi incrível como em poucos dias de convivência o amor ficou tão grande, que parecia que sempre estiveram aqui e eu não vivia mais sem eles”, conta.

A médica Maria Laura, de 47 anos, também vive uma Relação parecida. Mãe de uma menina de pouco mais de dois anos, ela aproveita o dia das mães para aumentar o companheirismo e a cumplicidade entre as duas.

“Agora eu me sinto realizada. Ontem mesmo ela chegou para mim e perguntou se éramos melhores amigas, e eu disse que sim. Sempre aproveito para enfatizar isso. As brincadeiras também são incríveis. Eu indico para qualquer pessoa: adotem, é maravilhoso. Além de mãe, me tornei uma pessoa completa”.

Maria teve que recorrer ao serviço social no interior do Estado para completar a adoção, apesar da única exigência ter sido que o bebê fosse menina e não portasse doença extremamente grave.

Neste caso, a demora pode ser explicada por causa do número de crianças disponíveis do sexo feminino ser minoria em relação ao masculino. Elas representam 45%, pouco mais de três mil meninas.

“Depois que adotei percebi que não fiz um bem só para ela, mas também a mim mesma. Além de gratificante, tem sido uma experiência engrandecedora” explica Maria.

Além da adoção em comum, a médica e a advogada, compartilham da mesma sensação: ser mãe.

“É muito bom. Sério.  Não há diferença alguma. Não sinto nenhuma falta ou necessidade de engravidar. Eles saíram de mim: do meu coração. E hoje só agradeço por ser mãe e por ter filhos lindos, alegres e com saúde. O que uma mãe deseja mais?”, conclui Claudia.

*Estagiários