Já no final de sua carreira quando atuava pelo Fluminense, Romário, em atrito com um jovem treinador do clube, disse que o fulano mal havia chegado e já queria sentar na poltrona da janela do ônibus. Ou seja, sequer havia iniciado a carreira e queria ocupar determinado espaço sem convencer e conquistar os mais antigos já habituados aquele lugar.
José de Medeiros Tavares – que nesta sexta-feira (27) completa 15 anos de sua morte, foi um dos maiores fornecedores de cana de Alagoas, presidiu a Asplana (Associação dos Plantadores) , foi prefeito de Junqueiro, deputado estadual por seis mandatos, presidente da Assembleia duas vezes e governador com a renúncia de Divaldo Suruagy para disputar o Senado -, era o inverso do treinador e de Romário. Era um homem simples.
Certa vez, o vereador por Maceió, Nilton Lins, em 1990, foi surpreendido quando um carro parou na porta da sua casa, no Prado, e dele desceu o governador José Tavares dizendo que queria conversar para pedir-lhe que apoiasse o seu filho candidato a deputado estadual.
Nilton disse que não precisava ter se dado o trabalho de ter ido a casa dele, no que foi retrucado: “meu vereador, um assunto desse não se manda portador”. O filho de Zé Tavares, Raimundo, foi eleito e Nilton Lins construiu uma relação de amizade até o fim por conta da atitude simples do ex-governador.
Tudo exatamente o oposto do jovem deputado federal Marx Beltrão. Segundo pessoas ligadas ao governo, houve uma grande surpresa quando ele, ministro do Turismo, anunciou que seria candidato ao Senado. A forma foi considerada agressiva, impositiva, estilo coronel ‘Beltrão’ ultrapassado de fazer política.
É que nessa atividade o nome para uma eleição majoritária precisa ser construído, viabilizado com convencimento e conquistas, jamais imposto goela abaixo. E isso teria incomodado demais a diversos políticos, não apenas os Calheiros.
A avaliação é que hoje o parlamentar está sem rumo. Ele ainda é aguardado pelo grupo palaciano para ser candidato a deputado federal, caso contrário vai caminhar sozinho. Marx Beltrão ainda tem sob o seu comando a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e indicações que controlam administrativamente e financeiramente a Casal, mesmo não tendo escolhido o presidente da empresa.
A segunda vaga de senador é de Maurício Quintella, que era a base e o alicerce da oposição. Sem ele por aquelas bandas ‘esfacelou tudo’, diz um palaciano. Quintella esperou a hora acerta, os motivos certos para mudar de lado. Conquistou, agradou, convenceu, tem estrutura partidária e é um dos dois candidatos a senador.
Moral da história: Muitas vezes é preciso esperar a hora certa para sentar na poltrona da janela.
Simples assim.
Ou não.