Os nomes dos auxiliares do governo Renan Filho envolvidos nessa história não vou revelar pois me comprometi em mantê-los em sigilo, mas adianto que são influentes, do alto escalão da máquina administrativa e preferem atuar protegidos pelo anonimato.
A pressão dos PMs pelo reajuste deixou todos nervosos. Uma massa bruta exigindo com força aumento salarial. As informações dos bastidores revelavam que eles estavam prontos pra tudo, especialmente quando o ano é eleitoral. O aquartelamento era algo provável.
Representantes da área de segurança são difíceis de negociação, esse é o lado ruim, pois conhecem a sua força e a importância do seu serviço, mas tem o lado ruim. Como dizia um conhecido, se os policiais tivessem sensibilidade e visão política dominaria a máquina pública porque detêm informações estratégicas de todas as áreas de qualquer governo.
O exemplo concreto dessa limitação ocorreu agora. Escorregaram por não ter – ou não pensaram em ouvir - uma assessoria jurídica para orientar sobre legislação, ano eleitoral, negociação, enfim. Dizem que as lideranças militares olharam apenas para os possíveis dividendos que alcançariam com o reajuste para as candidaturas que terão na eleição deste ano. Pode ser.
E se o céu parecia o limite para os PMs, o governo pensava em não chegar ao inferno, no máximo se aproximar do purgatório. Se foi capaz de uma engenharia quase perfeita na montagem para as eleições de 2018, o governo Renan Filho via crescer o risco de uma crise que podia sair do controle administrativo, além de gerar fatos políticos negativos.
Porém, uma simples conversa entre dois importantes assessores do governador desmontou toda essa teia, mesmo ambos não atuando diretamente na área jurídica. Em um bate papo informal um deles suspeitou que aumento salarial não poderia ser concedido de qualquer forma em ano eleitoral e que depende de regras.
Na dúvida, se despediram e foram pesquisar. Esse levantamento levou pouco tempo e logo um deles chegou a conclusão que o reajuste não poderia ser concedido agora e sim só após a eleição. Também perceberam que se algum acordo fosse fechado a qualquer instante também poderia causar um sério atrito para o Renan Filho.
É que dificilmente os PMs e a sociedade acreditariam que o governo havia fechado um acordo, mas não podia implantá-lo por impedimento legal e que desconhecia que só teria sido possível até 10 de abril, ou seja, desconhecia essa limitação, esse ordenamento jurídico. Soaria, certamente, como um discurso mentiroso.
Tudo isso foi levado ao governador Renan Filho. No final, a decisão estratégica foi encaminhar o caso e consultar a PGE e revelar a questão, que também atinge todas as categorias de servidores estaduais, aos PMs. Pelo menos por enquanto e até a eleição deste ano, a bomba da pressão por reajuste dos servidores públicos está praticamente desmontada.
Portanto, o governador foi salvo de uma crise de proporções imprevisíveis a partir de um leve e relaxante bate papo no início de uma noite por dois dos seus auxiliares.