Independente do avanço das redes sociais, é inegável a liquidez das relações humanas e das sequelas que essas desilusões podem trazer, para tal, é necessário verificar a disponibilidade interna de cada indivíduo e a sua capacidade de estabelecer novos vínculos.
O termo “vínculo”, etimologicamente, tem como sinônimo elo, ligação e união. Segundo o psicanalista D. Zimerman, essa habilidade é desenvolvida inicialmente por todas as mães que se prontificam a entender as necessidades primárias da criança; o que nada mais é do que a capacidade que o ser humano tem em estabelecer de forma qualitativa as relações de confiança, segurança e afeto inicialmente por si e pelo outro.
O psicanalista britânico W. Bion, o maior estudioso deste aspecto da personalidade humana, descreve as configurações vinculares com três características primordiais: Relacional, o sujeito surge de uma relação afetiva e a partir desta precisa estabelecer novos relacionamentos recíprocos; Emocional, porque as ligações precisam ter como base as emoções, boas ou ruins, que mantenham as pessoas interligadas e por último e não menos importante, a Exterior, pois é indispensável à expressão desta afetividade.
Para a psicanálise, um link ou vínculo precisa ter duas ou mais pessoas que alimentem reciprocamente essa relação: emoção e afeto que precisam ser genuínos, espontâneos e inatos, uma diversidade de emoções que fundamentem uma estrutura polissêmica. Nas dimensões intra, inter e transpessoal, estes afetos devem ser maleáveis e geralmente têm como base a relação maternal.
Bion identificou os três principais vínculos, nomeados de Amor, Ódio e Conhecimento, estes podem ser expressos de forma positiva ou negativa. Ele também descreve o conflito entre as emoções e antiemoções, pois não é raro ver no cotidiano pessoas com sentimentos de menos amor, o que não quer dizer que seja ódio; o de menos ódio, o que não quer dizer que seja amor e o de menos conhecimento que não quer dizer que seja ignorância, é negar conhecer a si, a exemplo da aceitação ou inaceitação de sua própria realidade.
Segundo o próprio Zimerman, também é possível identificar o sentimento de reconhecimento, para explicar o desejo humano e universal de ser aceito, reconhecido e amado inicialmente pelos pais, e consequentemente pelos que estão a sua volta. Ao fazer planos, analise qual a sua real necessidade e a qualidade de seus vínculos.
*por Luiz Eduardo da Silva, CRP/15-3354, Psicólogo com especialização em Psicologia Jurídica e Membro da Comissão de Psicologia Jurídica do CRP/15 Alagoas. psic.lzeduardo@gmail.com









