Publiquei terça-feira (20) um texto questionando se na intervenção do Rio Temer era o fantoche ou os militares eram ‘bucha de canhão’ (leia aqui). Dois dias depois, de acordo com os desdobramentos, afirmo que os militares foram transformados, infelizmente, em solução para a ambição e sobrevivência política do presidente mais detestado na história da política brasileira.
Toda uma estratégia de marketing em curso foi montada por publicitários ligados ao governo federal. Uma campanha publicitária sobre a intervenção militar foi lançada nos veículos da Globo. Ela firma que a ação dos militares “vai tirar o Rio de Janeiro das mãos da violência”.
O idealizador da intervenção é o ex-governador do Rio, Moreira Franco (1987-1991), atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência e amigo do peito (e de negócios?) de Michel Temer.
Ele teve maior visibilidade recentemente ao ser chamado nas planilhas de propinas das construtoras como “gato angorá’, no âmbito das investigações da Lava Jato.
Questionado pela Folha se foi feita análise de riscos da intervenção se algo der errado e toda a culpa recair sobre Temer, ele disse que “Aqui não tem amador. As pessoas têm 50, 45, 40 anos de vida pública. Claro que fez.”
O ex-governador reconhece, na mesma entrevista, que é uma ação de risco: “O cálculo é que na vida, tem certas horas, que você tem que assumir riscos, tem que decidir. Nessas circunstâncias, não dá para ficar empinando pipa, tem que mergulhar com coragem e convicção.”
Ou seja, a turma do Temer foi ‘pro tudo ou nada’, e usa as forças armadas para tentar sobreviver e até se manter no poder. A tentativa clara é resgatar a imagem de Temer e tentar viabilizá-lo como candidato á Presidência.
Mas quem é Moreira Franco, o ‘gato angorá? Reportagem de Laura Capriglion, no Jornalistas Livres (leia aqui), revela que ele foi o primeiro governador do Rio a andar para cima e para baixo acompanhado de Nazareno Barbosa Tavares, homem do Comando Vermelho.
Foi ele que organizou e comandou o sequestro do empresário Roberto Medina, dono do Rock in Rio. Nazareno e outros criminosos da época participaram de campanhas de Moreira, trabalharam no governo do Rio. Vários deles foram mortos depois de presos. Contam que para não revelar os nomes dos envolvidos do andar de cima.