Ainda nos gabinetes políticos e de análises em Alagoas e em Brasília onde as decisões estão sendo tomadas e avaliadas, alguns fatos estão mais do que claros. O prefeito Rui Palmeira (PSDB) é o único nome da oposição competitivo para disputar o governo de Alagoas.

O seu partido comanda os dois maiores colégios eleitorais, Maceió e Arapiraca, entre outros municípios importantes. Além disso, Rui faz uma boa gestão, sem crises, e ainda pode utilizar no seu discurso político o fato de ser um administrador livre de qualquer processo ou suspeita de corrupção, o que é muuuuito nesse período em que são poucos os políticos livres do bafo da PF ou dos MPs em seus calcanhares.

Mas para ser candidato efetivamente competitivo para enfrentar a máquina estadual e um governador bem avaliado é necessário mais do que isso. É preciso formar uma chapa majoritária forte. Ou seja, bons nomes para ocupar o cargo de vice e as duas vagas de senador, o que Rui tem entre os partidos que o apoiam.

É aí onde está um grande problema. A análise dos especialistas é que interessa ao senador Benedito de Lira (PP) a candidatura de Rui por todas as qualidades citadas acima, mas não interessa ter um segundo nome competitivo na disputa pelo Senado, o que significa que Maurício Quintella (PR), ou qualquer outro com alguma força eleitoral, não terá o apoio da Prefeitura da capital.

É que Rui Palmeira candidato terá que renunciar ao mandato e quem assume é o vice. Só que Marcelo Palmeira, o vice, além de ser indicado por Biu de Lira é um querido enteado do senador. Será natural que com a caneta na mão Marcelo foque e priorize o seu padrasto, mentor e chefe político.

Para o governador Renan Filho (MDB) e para o senador Renan Calheiros (MDB) o raciocínio é o mesmo. É desinteressante ter um segundo candidato competitivo dentro do grupo da situação para o Senado, o que inclui Marx Beltrão (MDB).

Essa questão une, de alguma forma, os Renans a Biu, e vice versa. Interessa aos dois eliminar qualquer chance de surgimento de um terceiro ou quarto nome com densidade eleitoral. Dessa forma a reeleição de Renan e Biu será provável. E é isso que interessa, de preferência que o companheiro de chapa não tenha força eleitoral, repito, e que não tire nem dispute votos.

Isso significa que o acertado entre Rui e Marcelo Palmeira pode furar por conta da questão política e familiar, o que é natural, bem ao contrário dos Renans. Outro fator que une o objetivo de Renan ao de Lira é que ambos não podem ficar sem mandato, independente de quais sejam os motivos.

Ao contrário de Rui, Renan Calheiros tem o apoio de um filho que vai permanecer com a caneta na mão. Renan Pai e Renan Filho, que ninguém se engane, se dão muito bem e sincronizam todos os passos estratégicos e o discurso para sobreviverem.

São situações familiares como essas que podem fazer muita diferença. Eleição é soma e multiplicação de apoios, jamais divisão, subtração ou neutralidade. Mas eleição também deixa pra trás no seu rastro, historicamente, dezenas de vítimas. É uma corrida formada por um grupo que quer alcançar um objetivo, mas é também um salve-se quem puder num esforço muitas vezes individual.

O fato é que as cartas estão na mesa. Dependendo de como elas forem sendo reveladas também é aberto um novo campo de possibilidades e perspectivas. Collor, João Caldas, Alfredo Gaspar de Mendonça, Rodrigo Cunha, entre outros, acompanham esse capítulo cuja data de término não pode ultrapassar 7 de abril.

Aguardemos.