Nos últimos dias, entre Barra de São Miguel, Maceió e Brasília, alguns dos principias personagens da novela eleições deram passos importantes. Mestres e maestros ouviram, conversaram e ultrapassaram algumas casas do tabuleiro.
Do ano passado até agora o prefeito Rui Palmeira aumentou a sua visibilidade em eventos públicos, atacou adversários e se defendeu através dos meios de comunicação, abrindo assim ainda mais a possibilidade de realmente ser o candidato de oposição ao governo de Alagoas.
Além disso, o tempo ainda não joga contra o fato de não ter decidido se vai ou não para a disputa. Ele suporta as pressões e a pressa de aliados. Analisa com frieza possibilidades, alianças e perspectivas.
De todos os atores é quem mais tem a perder, caso seja derrotado, porque terá antes que renunciar e entregar o cargo de prefeito ao seu vice, Marcelo Palmeira, ligado politicamente e familiarmente ao senador Benedito de Lira.
Renan Filho, por sua vez, além de aparecer muito bem cotado nas pesquisas, tem um cargo atraente e ambicionado para oferecer: o de vice-governador. É que, caso reeleito, as conversas vazadas da paradisíaca Barra de São Miguel indicam que ele, na próxima eleição, em 2022, deixará o cargo de governador para disputar a única vaga ao Senado.
Ou seja, o vice assumiria e disputaria o governo de Alagoas. É daí que surgiram especulações oriundas da Barra sobre dois nomes que estariam sendo sondados para ocupar esse cargo: Ronaldo Lessa e Maurício Quintella.
Porém, apesar das citadas possibilidades há o efeito dos movimentos do senador Fernando Collor de Mello, fundamental em qualquer eleição por essas bandas porque carrega e entrega, como ninguém, milhares de votos dos seus seguidores.
E esses movimentos foram iniciados –apenas para nos situarmos - já na eleição para prefeito de Maceió, quando Collor lançou sem estardalhaço um candidato desconhecido e no segundo turno apoiou a reeleição do prefeito Rui Palmeira contra o candidato dos Calheiros, Cícero Almeida.
Pois bem, atualmente Fernando Collor tem indicações no primeiro escalão do governo da capital e também tem indicação no primeiro escalão do governo Renan Filho, aliado na eleição de 2014. Daí fica a pergunta: Para onde seguirá o senador? Difícil hoje de responder.
No entanto, ele deixou algumas portas abertas. Ao anunciar que quer disputar outra vez á Presidência da República – uma ferida não cicatrizada em sua trajetória -, pode estar sinalizando que não estará tão focado no pleito em Alagoas.
Uma outra porta é lançar o filho candidato ao Senado, o que já foi mostrado, segundo pesquisas, como algo viável para Arnon Filho de Collor. Ou, quem sabe, indica-lo como vice de Renan Filho, o que garantiria a Collor certa tranquilidade para 2022, quando termina o seu mandato de senador.
No entanto, essa porta não parece das mais agradáveis para Renan Filho que, aparentemente, ficaria praticamente impossibilitado de disputar essa única vaga de senador da República, que é uma natural estratégia futura dos Calheiros.
Collor pode, também, fechar uma aliança com Rui Palmeira, é claro. E ainda, em qualquer situação ou grupo que optar, posicionar o seu filho para uma disputa mais tranquila para deputado federal.
Conclusão: São muitas as possibilidades, apesar dos avanços dos mestres e maestros. Porém, o quadro permanece bastante nebuloso, embora esteja claro que há uma forte presença do senador Fernando Collor na definição de grupos e candidaturas.
Resta aguardar a passagem do carnaval, talvez da Semana Santa para, quem sabe, próximo aos festejos juninos os entendimentos e decisões locais - além de questões nacionais como a situação de Lula, Aécio, Alckmin e Temer, além dos desdobramentos dos processos jurídicos contra políticos alagoanos e partidos – ocorram para que o quadro político local fique claro.
Aguardemos.