Sou um entusiasta do “Fale, Educação”: excelente projeto do Ministério Público Estadual que por meio de palestras e atividades extra-curriculares tem levado para dentro das escolas noções de cidadania nos mais diversos temas, como o respeito às diferenças e às liberdades individuais. Mais que isso, tem, nessas tarefas, promovido um processo educacional que faz com que os alunos conheçam de fato as instituições que formam as comunidades em que eles vivem e saibam as suas reais funções para que possam cobrar. Isto sim é promover cidadania. 
    
Como deputado estadual, vi que era minha função abrir portas para que a Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas recebesse esses alunos. Encontrei em meus pares apoio para o desenvolvimento de tal parceria, o que tornou as quartas-feiras da Casa de Tavares Bastos mais ricas. Por meio desse diálogo promovido, podemos ouvir as angústias dos profissionais da Educação e dos alunos, desde questões pedagógicas até as estruturais, dando voz - como fiz várias vezes no uso da tribuna e outros parlamentares também - a quem muitas vezes merecia ter esse espaço, mas não tem. O parlamento não pode ficar encastelado. Tem que participar de todas as discussões; e não apenas pelas importantes audiências públicas, mas se abrindo para receber os mais diversos grupos da sociedade. 

Acredito na liberdade. Muitas vezes, o parlamento funciona sob pressão e esta é exercida por grupos legítimos, mas que já possuem uma articulação histórica e há partidos políticos que se aproveitam disso, deixando quem não possui o mesmo poder de articulação sem fala. Entristece-me, por exemplo, a ausência da população nas sessões legislativas, para que acompanhem de fato o dia a dia da Casa e saibam o que pensa cada parlamentar. 

Sei que é difícil para muitos em função de suas atribuições diárias e por isso me esforço para dar a maior transparência possível as minhas ideias, ainda que pague um preço caro por isso. Quem se expõe pelo que pensa atrai os concordantes e os discordantes. Esse é o alto preço de uma democracia sadia e um parlamento precisa refletir isso, com a presença de todas as correntes de pensamento a se chocarem. 

O “Fale, Educação” tem ajudado o parlamento estadual a amadurecer e a perceber melhor isso, a partir do momento em que nós deputados estaduais não mais podemos nos furtar de encarar determinadas situações e nos posicionarmos diante delas, cada um com sua perspectiva. Não duvido que esta parceria também tem feito bem a alunos e professores, mas não poderia deixar de destacar o quanto reoxigena a Casa por nos fazer ter contato com as futuras gerações. Por mostrar o quanto somos responsáveis por essa geração em cada debate que discute a importância de valores sólidos dentro de uma comunidade para que assim ela se desenvolva e alcance verdadeiramente o progresso. 

É emocionante encontrar estudantes inteligentíssimos. Verdadeiros potenciais que precisam ser explorados (no bom sentido) para render os frutos que Alagoas precisa. Jovens com ideias e ideais maravilhosos, preocupados com o próximo. Professores que fazem das tripas coração para fazer valer o seu exercício profissional como um sacerdócio, apesar das dificuldades. Muitas vezes, inclusive, atrapalhados por minorias que querem se apossar da Educação como instrumento de táticas revolucionárias, partidárias ou políticas, passando por cima de pais e mães.

O Fale, Educação nos ensina a ouvir melhor. Nos ensina a debater temas, respeitando verdadeiramente opiniões divergentes. Uma aula para o atual Brasil, em que - em determinados momentos - parecemos andar todos contra todos. Há muito queria escrever sobre esse assunto, mas diante de uma tarefa tão hercúlea temia não escolher as palavras certas para pontuar de forma cirúrgica a importância de tão belo projeto. A promotora Cecília Carnaúba, bem como todo os demais membros do Ministério Público envolvidos, merece todo o reconhecimento pelo projeto desenvolvido. 

Mesmo sendo um deputado classificado como “oposição”, também agradeço aqui a Secretaria de Educação por ter enxergado o potencial desse projeto e o abraçado. Fiz críticas à pasta em muitos momentos, diante das informações trazidas por alunos e professores, mais tais apontamentos permitem também que a situação pudesse enxergar problemas e buscar corrigir.  

Creio que esta é função da crítica. Não sou adepto da crítica amarga, panfletária, oportunista, mas sim da feita de maneira sólida, buscando corrigir problemas para que até mesmo a “oposição” possa depois reconhecer o feito, pois nesse caso quem ganha são alunos e professores. E se eles ganham, todos ganhamos. Eles são o futuro. 

Que o “Fale, Educação” tenha vida longa. Que possa - muito em breve - também se estender pelo interior do Estado. Gostaria de ver ações assim, por exemplo, nos municípios de Cajueiro, que é minha terra natal, como gostaria de ver em todos os cantos de Alagoas. Que a sociedade, de uma forma geral, compre esse projeto. Que empresários possam apostar nessa ideia, chegando junto, sabendo como podem ajudar. Enfim, que cada um de nós possamos compreender que Educação é dever de todos. Agradeço a Deus por toda quarta-feira o Fale, Educação permitir que eu volte para casa com as esperanças renovadas diante de tantas tragédias que vemos na educação desse país.