Eleição é como uma prateleira de supermercado com produtos para serem vendidos aos consumidores. Distribuição, embalagem, cores, propaganda, enfim, uma série de questões define o sucesso ou fracasso do produto, embora a principal seja a sua qualidade.

Algumas dessas características também são fundamentais numa corrida eleitoral. Só que a partir de agora além da força das redes sociais surge mais uma ferramenta para agregar valor na venda do produto-candidato.

É a tal da psicometria eleitoral que chega ao valioso e rentável mercado eleitoral brasileiro. Uma baita novidade por aqui, mas que já foi utilizada com sucesso pelos conservadores britânicos no Brexit – decisão que tirou a Inglaterra da Comunidade Europeia - e por Donald Trump na eleição norte-americana de 2016.

E como funciona: “A psicometria eleitoral é uma ferramenta de análise dos perfis dos eleitores em redes sociais, aliada com dados socioeconômicos e de localização permitirão saber qual o discurso perfeito para atingir cada eleitor em particular”.

Impressionante!

Tem mais: Ela utiliza abordagens de cunho psicológico para traçar a personalidade dos indivíduos com base em preceitos clássicos de psicologia e nos rastros digitais que deixamos diariamente, como perfis em redes sociais, GPS de locais visitados, dados de uso dos serviços públicos e compras online.

A partir daí os donos dessa ferramenta garantem serem capazes de produzir mensagens que chegue ao alvo em nível quase individual. Ou seja, são capazes de dizerem através da propaganda-discurso o que “eu, você, todos nós, precisamos ouvir sobre um candidato-produto.”

Significa que o discurso de um candidato não terá mais uma ideia geral dirigida a todo o público. Nas redes sociais é possível que ele tenha um tom e uma comunicação quase individualizada. E com os dados de um grupo é possível dirigir aquela gravação apenas para aquele público, da mesma formauma outra para públicos diferentes.

Assustador? Aterrorizante? Big Brother eleitoral? Aldeia global? Manipulação? Comunicação de Massa?

É tudo isso e um pouco mais. Pode ser também uma grande máquina – ou uma arma - de propaganda eleitoral de excelente mira, mas que se utilizada sem escrúpulos e sem controle é extremamente prejudicial para a democracia.