Da mesma forma como foi convidado para assumir a Secretaria de Agricultura do governo Renan Filho, em 2014, Álvaro Vasconcelos foi informado que deixaria o cargo: pelo celular enquanto viajava a trabalho.

Na época, a sua indicação foi feita pelo senador Fernando Collor após aval do setor agroindustrial. O resultado do trabalho até o momento é considerado excelente, conseguindo grande destaque e dividindo os holofotes do sucesso no primeiro escalão do governo com George Santoro, da Fazenda.

Com uma profunda visão empresarial-desenvolvimentista, jeito simples no trato pessoal e com a ideia de que problema que surge é para ser superado, Álvaro Vasconcelos rodou o estado, tocou projetos antigos e novos.

São os casos da instalação da fábrica de sementes – ação que todos os secretários do Nordeste estão de olho -, participação de entidades ligadas a ONU no desenvolvimento do projeto de irrigação do Canal do Sertão, instalação da Embrapa em Alagoas, liberação de recursos do governo federal para o Programa do Leite, entre tantos outros.

Tamanha capacidade de trabalho e de entregar resultados logo fez de Álvaro nome cotado nos corredores da política para disputar o cargo de deputado federal. E aqui está o “X” do problema que causou o seu afastamento: conquistou luz própria.

Ao perceber esse crescimento natural da musculatura política do aliado, mas que poderia trazer prejuízos dada à necessidade de usar o órgão para a campanha do seu filho, Arnon, também para deputado federal, Fernando Collor optou pelo afastamento do indicado.

O fato é que o telefone de Álvaro Vasconcelos não para de tocar para receber parabéns pelo trabalho executado. Empresários, gente do governo, secretários de Agricultura do Nordeste, técnicos do governo federal, pessoas simples do interior, vereadores, lideranças políticas, enfim.

Contam que a turma da oposição articula uma conversa com Álvaro Vasconcelos, visto como excelente nome. O senador Renan Calheiros já marcou um encontro para aproxima semana. O ex-secretário deixa o governo em alta, portanto é natural que seja assediado.

Mas deve ter sido duro estar em Brasília, ir ao gabinete do senador Collor, aguardar para ser atendido, saber que ele estava com Renan Filho, ver e ser visto pelos dois, se despedir do governador na saída deste, não ser recebido pelo senador com a justificativa de que a agenda estava cheia, e cerca de dois dias depois ser surpreendido no interior de Alagoas com uma ligação informando sobre o seu desligamento.

Isso é política, atividade onde quase sempre nada é pessoal. Bem conceituado, Álvaro Vasconcelos pode decidir por novos rumos, uma vez que as suas conquistas parecem que incomodaram.

Vida que segue.