Em maio deste ano aconteceu, na Suíça, a 70ª Assembleia Mundial da Saúde. O orçamento proposto pela OMS, durante o evento, estabeleceu as prioridades da Organização de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Em seu relatório sobre o progresso da Agenda de Desenvolvimento Sustentável de 2030 e das Estatísticas de Saúde do Mundo em 2017, não foi incluído qualquer financiamento à saúde bucal.

Com base nessas informações, a World Dental Federation (FDI) reivindicou perante à OMS a inclusão da prevenção da saúde bucal na agenda e Assembleia Geral da ONU de 2018, como também a criação de um Plano Global de Ação de Saúde Bucal a ser enquadrado junto a Agenda de Desenvolvimento Sustentável de 2030. Da mesma forma, a Federação Interestadual dos Odontologistas (FIO) apoia as cobranças da FDI junto à OMS, e ao Governo brasileiro, dando ênfase a necessidade de uma maior atenção à política de saúde bucal no território nacional.

Pesquisas recentes comprovam que existem ligações entre a falta de cuidados com a dentição e doenças em todos os órgãos do corpo humano, tais como diabetes, patologias cardiovasculares, renais, cerebrais e respiratórias. No dia 25 de outubro é celebrado o Dia do Dentista Brasileiro e Dia Nacional da Saúde Bucal, onde em 1884 foi assinado o decreto 9.311, que criou os primeiros cursos de graduação de odontologia no país. Hoje, um dos maiores desafios da profissão é a falta de disseminação da importância desses tratamentos e meios de prevenção."

“É essencial que o poder público, as instituições, públicas e privadas, e profissionais, se mobilizem para a elaboração e disseminação de práticas preventivas e de conscientização da população quanto à extrema necessidade de manutenção da saúde bucal para o desenvolvimento saudável de todo corpo, de forma integral. Temos um “medo” instalado dentro da cultura do nosso país, onde é melhor a extração de um dente do que seu tratamento, e só podemos ressignificar a importância desses cuidados dentro de fortes ações preventivas, assim como ocorre em outras áreas da saúde”. Declara o Cirurgião Dentista, endodontista, Diogo Lopes, que sente a resistência as buscas dos cuidados bucais no dia a dia dentro do consultório odontológico.

Atualmente, o Brasil é o país com o maior número de cirurgiões-dentistas em todo o mundo. De acordo com o Conselho Federal de Odontologia, existem quase 300 mil dentistas no país, o que dá a média de um profissional para cada 690 habitantes. No entanto, a maioria dos profissionais está concentrada na Região Sudeste, e o restante é mal distribuído no território nacional. Em Alagoas, de acordo com o Conselho Regional de Odontologia (CRO/AL), existem cerca de 5.096 profissionais capacitados ligados a odontologia dentro do estado.

Alguns dados do IBGE mostram a necessidade de Educação em Saúde Bucal no Brasil:

  • 11% da população é de desdentados, cerca de 16 milhões de pessoas;
  • Das pessoas com mais de 60 anos, 41,5% já perderam todos os dentes;
  • Cerca de 23% das pessoas sem instrução ou ensino fundamental concluído são desdentadas;
  • 33% dos brasileiros usam algum tipo de prótese;
  • Maior parte dos atendimentos é feito em consultório particular;
  • 19,6% dos atendimentos acontecem no SUS;
  • 53% da população escova os dentes pelo menos 2x ao dia e fazem uso de fio dental;

"Esses dados concluem que a perca dentária começa cedo, visamos então a necessidade da inclusão do cirurgião-dentista no âmbito escolar, onde se inicia a vida social do sujeito, sendo por meio de políticas públicas ou ações do setor privado, visando a educação em saúde bucal e desenvolvendo um hábito saudável na infância e adolescência, bem como diagnosticando de forma precoce as diversas doenças da cavidade oral, tendo a cárie exemplo majoritário para todos os outros problemas bucais". Conclui Diogo Lopes, que enfatiza a importância da educação preventiva dentro das escolas.