Culturalmente associado ao feminino, o rosa também é relacionado a sentimentos como amor e compaixão. Não à toa é a cor que batiza Outubro em várias partes do mundo, como o mês de conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. Mas, apesar dos laços que unem sociedade e poder público no combate a doença se fortalecerem ano a ano, ainda é alto o número de mortes, principalmente devido a demora no diagnóstico e a desigualdade no acesso aos exames e ao atendimento médico nas redes públicas e privadas de saúde.

Conforme reportagem publicada na revista Claudia do mês de setembro, tal desigualdade representa uma enorme diferença: no serviço privado, as chances de cura dos nódulos malignos chegam a 95%, número que cai para 30% no serviço público. Outra diferença constatada em pesquisa realizada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS): no sistema público a metade dos tumores é descoberta com 5 centímetros, enquanto a média no sistema privado é 1,5 centímetro.

Essas diferenças tornam ainda mais importante o trabalho de suporte realizado por entidades como a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Alagoas. Além de ações permanentes de conscientização, intensificadas durante outubro, a Casa de Apoio Lenita Quintela Vilela, ligada à rede, atende principalmente pacientes – homens e mulheres – de baixa renda em tratamento oncológico na capital.

Em 44 anos, mais de 10 mil pessoas já receberam atendimento no espaço, que é mantido e operado por dezenas de voluntários, com o apoio de algumas instituições, contou Eliane Machado, coordenadora da Casa onde os pacientes podem se hospedar de segunda a sexta-feira.

Números

Apesar do nome, a Rede Feminina atende pacientes de ambos os sexos e diagnosticados com qualquer tipo de câncer, não apenas o de mama. Mas, dos 520 casos deste tipo da doença que devem ser diagnosticados este ano em Alagoas, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), boa parte deve precisar e contar com o apoio desta e de outras entidades no Estado.

Ainda segundo o Inca, desses 520 novos casos, 270 se concentram na capital e, somente este ano, a doença deve levar 140 pessoas à morte no Estado. Os números não diferem muito dos anos anteriores. Em 2016, mais de 500 casos foram registrados, mais da metade em Maceió. Em 2014 e 2015, houve pouco menos de 500 registros.

No país, a estimativa é de 58 mil casos diagnosticados em 2017, número similar ao do ano passado.

Suporte essencial

Lutar contra o câncer não é fácil e o apoio da família e de uma estrutura – principalmente para as pessoas de baixa renda - para que o paciente possa recuperar as energias e se fortalecer são essenciais. Para esse fim, a Casa de Apoio Lenita Vilela conta com 40 leitos, com média de ocupação de 30 leitos, porém, segundo Eliane Machado, em alguns casos os hóspedes são recebidos com acompanhantes.

Para ofertar conforto, uma equipe multidisciplinar está capacitada para fazer os atendimentos, com profissionais das áreas técnica de enfermagem e serviço social, além de orientação jurídica, atividades lúdicas, acompanhamento psicológico e espiritual. “Também são ofertadas seis refeições diárias e kits de higiene pessoal com fraldas descartáveis, quando necessário, e disponibilizamos medicamentos e transporte para deslocamento para o tratamento oncológico, que inclui exames e consultas”, reforçou a coordenadora.

Rede de solidariedade

A manutenção da casa é dividida entre alguns parceiros. As refeições são providenciadas pela Santa Casa de Misericórdia de Maceió. Frutas e verduras são doadas pela Mesa Brasil, a Socôco disponibiliza água de coco, os sucos são doados pela Cooperativa Pindorama e as voluntárias ficam aos sábados em locais como o Sams Club e no supermercado Unicompra, onde fazem a arrecadação de alimentos que são distribuídos aos pacientes usuários do SUS na Santa Casa. Diariamente são providenciados cerca de 800 lanches, reforçou Eliane.

Na casa também trabalha uma secretária, uma estagiária, copeiras, o pessoal dos serviços gerais, um motorista e 142 voluntárias que confeccionam peças artesanais cuja renda obtida com a venda é revertida para a Casa de Apoio. Outros grupos de voluntárias produzem próteses mamárias artesanais e perucas que são doadas às pacientes.

A casa acolhe pacientes de baixa renda assistidos pelo SUS, tanto do interior ou da capital, porém é preciso que o encaminhamento seja feito por intermédio do Serviço Social da Santa Casa.

É no hospital, inclusive, que sempre nas últimas segundas-feiras de cada mês, ocorrem palestras com profissionais da área de oncologia. “Os encontros, abertos ao público, são muito importantes e esclarecem muitas dúvidas para as mulheres que estão em tratamento do câncer de mama”, destacou Eliane, acrescentando que a Rede Feminina assiste também a pediatria oncológica da Santa Casa no Farol e também o espaço Rodrigo Ramalho, onde estão pacientes em tratamentos de cuidados paliativos.

Grupo Renascer

Outra entidade que promove importante suporte, especificamente para mulheres diagnosticadas com câncer de mama e mastectomizadas, o Grupo de Mama Renascer é uma Organização Não Governamental, sem fins lucrativos, constituído por mulheres que já enfrentaram ou estão enfrentando a doença. O grupo visa o resgate da autoestima por meio da busca por melhor qualidade de vida. Fundado em 2008, conta com mais de 100 associadas e cerca de 15 voluntárias.

Sem nenhuma ajuda financeira pública para sua manutenção, o grupo filiado à Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) sobrevive de doações de voluntários e de algumas associadas. Além disso, se mantém com a venda de roupas usadas e peças de artesanatos produzidas em oficinas de arte.

Importante para a política de saúde pública, o trabalho realizado pela ONG oferece suporte físico e psicológico às pacientes com câncer de mama, realiza palestras e mobilizações sociais acerca do assunto e da saúde da mulher em geral. As contribuições podem ser feitas por doações diversas, como cestas básicas, ajuda financeira, fraldas geriátricas, lenços, roupas, bijouterias, entre outros itens.

Programação Rosa na capital

17/10 – Ação na Praça do Bicentenário, no Conjunto José Tenório, 16h

18/10 – Saia Arrochada: Tema Saúde de Mulher – Casacor Alagoas, 19h

20/10 – III Corrida Solidária Maceió Rosa – Atitude Exige Coragem – Orla da Pajuçara, 20h

23/10 – Dia Rosa – Dia de D de Mobilização na cidade para que todas as pessoas de vistam de rosa.

Instituições

Rede Feminina de Combate ao Câncer

Rua Barão de Maceió, 288 – Centro / Tel.: 82 2123 6297

Casa de Apoio Lenita Quintella Vilela

Rua Zacarias de Azevedo, 463 – Centro / Tel.: 82 2123 6228  –  82 3372 6148

Grupo de Mama Renascer Ong

Rua Barão de Atalaia, 672 Sl 205 – Centro / Tel.: 82 3221-8075