O Conselho Federal de Medicina entrou com uma ação contra a União questionando o exercício profissional do enfermeiro e a sua capacidade de solicitar exames no contexto da Atenção Básica, bem como de interpretar seus resultados.Foi concecida uma liminar favorável que culminou na suspenção desta atribuição.
Tal fato configura-se como uma verdadeira afronta aos enfermeiros, ao SUS, a população e aos direitos, sobretudo, das mulheres. Ora, se não podemos solicitar exames, tampouco poderemos interpretar seus resultados. Logo, um pré-natal não poderá ser iniciado pelo enfermeiro, ainda que a mulher apresente um resultado laboratorial ou de imagem positivo.
Justamente no mês do Outubro Rosa, não poderemos mais solicitar mamografias.
O médico passa a ser detentor de todo o cuidado e as prejudicadas, somos nós, mulheres. Tratar a gestação somente no contexto medicalizado é encarar esta como doença e isso configura um retrocesso para o empoderamento feminino.
Os impactos na saúde pública serão desastrosos. Enfermeiros não poderão mais realizar testes rápidos de HIV, Hepatites e Sífilis (mesmo o país enfrentando uma nova epidemia deste último). A prevenção também será prejudicada, pois os exames citopatológicos (popularmente conhecidos como Papanicolau), realizados por enfermeiros, também estarão suspensos.
Não estamos interessados em ocupar espaços que pertencem a outros profissionais, são atribuições diferentes que de forma equilibrada, dão certo.
A Enfermagem é uma categoria que está na linha de frente da saúde deste país, há séculos lutando pela valorização profissional, buscando seu espaço e cumprindo com suas demandas.
O Conselho Federal de Medicina não legisla sobre nós e não se faz saúde sem enfermeiros.
Sigamos na luta.