Quem conta essa história são pessoas próximas do ex-presidente Lula, que dizem que se antes ele dizia entender delatores como os donos de construtoras, o mesmo não ocorreu com o ex-ministro Antonio Palocci.

A revelação é que Lula teria ficado chocado, tocado, com um sentimento de “extremo amargor” pelas fortes acusações.

De fato, parece mesmo ter sido atingido. Não me lembro de nenhuma outra vez em que Lula foi citado e acusado sem que, sem muita demora, ele próprio não tenha vindo a público se defender.

Certamente Lula e Palocci eram bastante íntimos. Tanto que conviveram no mesmo partido, fizeram política no mesmo Estado, São Paulo, e governaram juntos.

Se for verdade o sofrimento do ex-presidente, deve relevar e sair dessa “depressão”, digamos assim. São pouquíssimos os presos que suportam manter o silêncio e não fechar um acordo de delação premiada – exceção do também ex-ministro José Dirceu.

Certo dia um amigo me contou a seguinte história que exemplifica bem essa situação: dois políticos alagoanos, que já haviam sido presos, mas por crimes diferentes, comentaram e cravaram que os presos da Lava Jato iriam abrir o “bico”, um a um.

Diziam os dois experientes na causa que ninguém aguenta ficar trancafiado numa cela, longe da família e do conforto e que é melhor revelar os esquemas, salvar ainda uns bons trocados e cumprir parte da condenação em casa.

Acertaram em cheio. Quase a totalidade dos condenados na Operação Lava Jato e nos seus desdobramentos fizeram acordo de delação. Disseram verdades e mentiras. Alguns omitiram informações ou se excederam e na busca pela salvação do pescoço.

Por isso também é preciso ter cuidado com o que é dito e fechado nesses acordos. O devido processo legal deve ser excessivamente respeitado.

Voltando especificamente a Lula, ainda não dá pra deduzir se o seu “extremo amargor” é por decepção com o amigo e aliado ou se é o receio de ficar sem saída.

Aguardemos.