Enquanto analisamos e projetamos candidaturas e alianças para 2018 - e até para 2022, parece que não ficou claro que as declarações do general do Exército Antônio Hamilton Martins Mourão, que admitiu uma intervenção militar, recebeu solidariedade de outros generais, além de não ter sido punido pelo comandante do Exército, somado ao silêncio frouxo do governo Temer, foi uma fala com significados claros.

Primeiro: Esse novo cenário mostra que o Alto Comando do Exército tem o mesmo pensamento e mostra o fim da subordinação das Forças Armadas ao poder civil. Ora, convenhamos, com um presidente da República, ministros, deputados e senadores suspeitíssimos de corrupção, só poderia dar no que aí está.

Segundo: Depois da revolução de 1930, na história brasileira nunca os militares ficaram tanto tempo fora do Poder. De 1985 até agora, com o fim da última ditadura militar, foram 32 anos. Claro, as declarações e ações dos generais têm direção e objetivos.

Sem aqui querer adivinhar a ordem de importância, o “recado” é para a Câmara, que vai julgar outra denúncia contra Michel Temer, para toda a classe política e até para o Supremo Tribunal Federal.

Conclusão: O golpe militar de 1964 cassou o mandato de políticos de direita, esquerda, centro, por exemplo. Em todos os golpes militares - 1945, 1954, 1955, 1961 e 1964, segundo o livro de Alfred Stepan - “Os militares na política” - ocorreram em situação de enfraquecimento do Poder Executivo. Situaçãos emelhante a deste momento.

Ou seja, não há como garantir eleições em 2018. Tampouco se todos os prováveis candidatos estarão na largada. Muitos poderão ser impedidos pela justiça, pelos militares, ou por ambos.

Ah, e antes que eu esqueça, até mesmo um intelectual de esquerda, nacionalista e de convicções democráticas, o respeitadíssimo Moniz Bandeira “tem defendido a intervenção militar para evitar o desmonte do Estado e a entrega do patrimônio nacional ao capital estrangeiro predador”. E se há algo que os militares têm consigo é exatamente o nacionalismo

Portanto, há clima intervencionista sendo construído em todas as frentes por culpa, omissão, decepção e revolta.

Tristeza, lágrimas e arrependimento virão depois.