Um dia após a reportagem do Fantástico sobre o caos no Hospital Geral do Estado (HGE) ir ao ar, o governador Renan Filho culpou a imprensa e minimizou os problemas enfrentados pelo hospital durante entrevista realizada na manhã desta segunda-feira, 28, na assinatura da construção do Centro de Telepresença no Complexo Penitenciário, parte alta de Maceió.

De acordo com o governador, “as compras da área meio em saúde são infinitamente inferiores às compras da área fim. Esses R$ 29 mil da persiana não representam 0,1% da despesa”, disse Renan Filho. “Essa forma da imprensa ver as coisas enviesa o pensamento do cidadão. Na sala onde você trabalha também tem uma cortina e você nunca perguntou quanto custa. Você deveria perguntar ao seu chefe, que ele vai te falar. As organizações em Alagoas têm excelentes prédios para a imprensa trabalhar. A Secretaria de Saúde tem que ser em péssima condição?”

Renan Filho ainda minimizou a polêmica: “não falta dinheiro na saúde para aquisição de remédio. O HGE bate recorde de atendimento. Isso é que precisa ser dito. Quando é para informar corretamente o cidadão é importante que se coloque essas coisas. A pergunta que repasso é: será que o investimento na área meio é representativo? Não é. A secretaria tem, inclusive, uma estrutura muito pior do que deveria ter devido a sua importância”, explicou.

Por fim, o governador apresentou números que, segundo ele, comprovam a eficiência do hospital. “Nos primeiros seis meses desse ano ele atendeu bem mais pessoas que no ano passado e, em 2016, atendeu mais que em 2015. Se atende mais gente, não há desabastecimento generalizado. Claro que num equipamento da magnitude do HGE, que é o que mais atende em Alagoas, com mais de 400 leitos, pode de vez em quando faltar uma coisa, mas isso não impede o atendimento. No mês passado, mais de 15 mil alagoanos foram atendidos", concluiu Renan.

Investigação

No dia 08 deste mês, a Polícia Federal (PF) e a Controladoria Geral da União deflagraram uma operação para apurar fatos supostamente criminosos ocorridos na Secretaria de Saúde do Estado de Alagoas nos anos de 2015 e 2016.

Segundo a PF, o esquema consistia em fracionar ilegalmente as aquisições de mercadorias e contratações de serviços, de modo que cada aquisição/contratação tenha o valor menor ou igual a R$ 8.000,00, no intuito de burlar o regime licitatório.

Os levantamentos realizados a partir dos dados do Portal da Transparência do Estado indicam que a Secretaria de Estado da Saúde, no período de 2010 a 2016, apenas mediante dispensas de licitação, cujos valores individuais foram menores ou iguais a R$ 8.000,00, contratou a importância total de R$ 237.355.858,91.

Desse valor, o montante de R$ 172.729.294,03 foi custeado pela SESAU com recursos oriundos do SUS.