Um ex-político amigo e aliado de Ronaldo Lessa o encontra e pergunta se ele será candidato ao Senado. Embora a resposta tenha sido negativa, os olhos do parlamentar brilharam intensamente, o que motivou o inquiridor a fazer outra pergunta: Então é mesmo pra federal? Calma, vamos aguardar, responde Lessa.

O mesmo ex-político encontra Heloísa Helena e sonda sobre 2018. HH não sabe o cargo nem se será mesmo candidata. Ela aguarda e também tem conversado bastante sobre política.

O que há em comum entre os dois? Movimentação, conversas e paciência enquanto esperam as nuvens da política mudarem e trazerem o imprevisível e o imponderável com os quais tanto conviveram. É o que mostra a trajetória de ambos, pelo menos em alguns aspectos.

Em meados dos anos 90 foi exatamente isso que os uniu e mudou a história dos dois. Lessa era vereador, cujo mandato havia conquistado por apenas dois votos de diferença contra Terezinha Ramires. Heloísa era uma menina da Ufal, do movimento estudantil, desconhecida do mundo político e recém filiada ao PT.

Ronaldo tentou de todas as formas ser o vice de Teotonio Vilela na disputa pela prefeitura de Maceió, mas foi rejeitado. Disposto e decidido – dizem também que estava com raiva por ter sido preterido - tentou convencer vereadores e um monte de gente a forma uma chapa para disputar o pleito. Ninguém aceitou. Até nomes representativos da esquerda e do PT se negaram a compor a chapa. Daí empurraram Heloísa, depois de muita conversa.

Porque ninguém acreditava na vitória. A derrota era certa e Vilela era favoritíssimo. Eis que surge o imprevisível e imponderável: o favorito sequer chega ao segundo turno, pois errou no discurso, fraquejou nos debates e na propaganda eleitoral, além de ter demonstrado ter vergonha de ser usineiro.

 O candidato do governador Geraldo Bulhões e do presidente Fernando Collor, José Bernardes, é derrotado no segundo turno. A sua candidatura foi contaminada pelas denúncias de irregularidades praticadas por PC Farias no governo Collor, que é apeado do poder.

Pois bem, depois de prefeito  RL vira governador e é reeleito e HH, depois de vice, vira deputada estadual e senadora. O resto dessa história nós sabemos, pelo menos até agora.

Alagoas, caro leitor, tem vários casos  em que o imprevisível e imponderável surgem para mudar tudo. Exemplos:

1 – No final dos anos oitenta Guilherme Palmeira e Renan Calheiros disputavam a prefeitura de Maceió. Tudo caminhava para a vitória do segundo, inclusive com amigos da esquerda comemorando e discutindo cargos na Praça Centenário. Contam que, poucos dias antes da eleição, cerca de 10 imensos "caminhões de favores" desembarcaram rapidamente na periferia. Guilherme acabou vencedor.

2 – O jovem governador de Alagoas e já destaque na imprensa nacional, Fernando Collor de Mello, tentou, tentou, tentou demais ser o vice de Mário Covas na eleição presidencial de 1989. Foi rejeitado pelo candidato do PSDB. No final, Covas foi o quarto mais votado e Collor se elegeu presidente.

Com apenas esses dois exemplos dá pra prever, segundo relatos, que o que Heloísa e Lessa desejam, de fato, ainda depende do surgimento de certas circunstâncias que lhes possibilite disputar uma eleição majoritária.

Sem estrutura mínima, convergência de interesses de outros grupos políticos ou até de possíveis candidatos, digamos, “independentes”, para apoiá-los, além de uma definição sobre as regras da eleição, é quase impossível não só enfrentar outras candidaturas, mas também o fechamento de alianças.

Enquanto os ventos não sopram de forma forte e transformadora para trazer clareza e, em seguida, certa calmaria, Heloísa e Ronaldo seguem conversando com correntes políticas, avaliando pacientemente o quadro e torcendo pelo imprevisível e imponderável.

EM TEMPO:

1 - E por falar no imprevisível e no imponderável, nos próximos dias vai sair uma pesquisa feita no Sertão pelo Instituto Falpe.

2 –Ângela Garrote, Célia Rocha, Paulo Dantas, Dudu Ronalsa, Pedro Aciolli e Lobão são nomes na casa de apostas para conseguir o mandato de deputado estadual. Eles aparecem bem nas pesquisas.

3 – Porém, há um detalhe: Como já mostrei em pesquisas aqui divulgadas, é altíssimo o número de eleitores que não sabem, não opinam e, na verdade, não querem votar. Assim sendo, quem consegue pontuar leva alguma vantagem. E, dependendo do ponto de vista, isso pode ser visto como o imprevisível e imponderável da política, não é mesmo?