O descrédito na classe política chegou ao pior índice desde 2009, data em que esse tipo de levantamento foi iniciado pelo Ibope. O pai dessa decepção é o presidente Michel Temer. Ele conseguiu transformar a Presidência da República na instituição em que os brasileiros menos confiam.
Desde 2016, de acordo com pesquisa do Ibope, de 0 a 100, a confiança dos brasileiros no presidente despencou de 30 para 14. É a primeira vez que a desconfiança nos partidos políticos é superada. Esse Índice de Confiança Social é pesquisado e calculado anualmente desde 2009.
O descrédito é tão alarmante que as pessoas estão se apegando na fé e na polícia, “instituições cuja percepção majoritária da população é que estão fazendo algo para melhorar”, diz o Ibope.
Pois bem, de 2016 para 2017 a confiança média no governo federal, eleições, Congresso Nacional, partidos políticos, presidente e governos municipais caiu 15%. Já a confiança média nas igrejas, Polícia Federal, Forças Armadas e meios de comunicação subiu em média 8%.
E como fica essa questão para 2018? Salvadores da pátria e/ou candidaturas-surpresas têm grande espaço. Lideranças das instituições confiáveis também poderão ter influência. Não serão favoritos, mas surgem bem avaliados, caso de Jair Bolsonaro, segundo colocado nas pesquisas atrás apenas de Lula.
No caminho inverso, quem estiver ligado ao governo Temer ou fizer parte do seu governo terá dificuldades para se eleger. Os exemplos estão na nossa cara, caso do esfacelamento político dos possíveis presidenciáveis do PSDB, Aécio, Serra, Alckmin.
Essa perda de densidade política será ainda maior caso a candidatura seja majoritária. Trazendo esse exemplo para Alagoas – para os governistas mais visíveis -, as pesquisas mostram que os caminhos do ministro do Turismo Marx Beltrão (PMDB) e do senador Benedito de Lira (PP), serão tortuosos. Eles não aparecem bem pontuados, como já mostrei em outros textos, para o Senado.
E numa disputa eleitoral ficarão ainda mais expostos na propaganda gratuita dos adversários por terem sido vinculados ao governo Dilma, o qual abandonaram para apoiar e participar intensivamente do governo Temer.
O ministro dos Transportes, Maurício Quintella, também sofrerá, mas em um grau um pouco menor, caso mantenha-se na disputa para renovar o mandato de federal. No entanto, pelo cargo que ocupa, deveria estar numa situação mais confortável nas pesquisas divulgadas até o momento.
E que ninguém se engane com o silêncio das ruas, das poucas manifestações e da falta de panelaços. É uma falsa impressão quanto a imensa e tremenda insatisfação da população.
Aliás, nunca o brasileiro viu e sentiu o quanto os seus representantes são tão caros e desnecessários, traidores, desqualificados e tão pouco confiáveis.
O político que não perceber o que vem ocorrendo pode estar cometendo um grave erro político. Talvez até o suicídio.