O processo eleitoral está antecipado no Estado de Alagoas desde o início deste ano. A questão é que, ao mesmo tempo em que ainda existem incógnitas, como a possível candidatura de Rui Palmeira (PSDB) ao Senado Federal ou ao governo do Estado, já há entre os que comandam legendas partidárias uma certeza: a eleição será polarizada entre o PMDB, que é liderado pelo senador Renan Calheiros e o governador Renan Filho (nessa ordem), e o PSDB, que tem como principal estrela Rui Palmeira, mas depende muito das decisões de Teotonio Vilela Filho (PSDB).

 O fato é que os principais caciques sofrem com os desgastes de suas legendas no âmbito nacional. No caso do PSDB, os escândalos atingiram em cheio o senador Aécio Neves, que praticamente o retira da disputa pela presidência em 2018. Do outro lado, o PMDB também é um partido envolvido em escândalos políticos e Renan Calheiros é citado diretamente em vários inquéritos da Operação Lava Jato. A tendência é que tudo isto surja no processo eleitoral e vá sendo explorado daqui até lá. Além disso, as próprias questões locais.

É visível o embate entre Renan Filho e Rui Palmeira. Recentemente, até o São João de Maceió virou palanque político. De um lado, a Prefeitura Municipal cancelou as festividades por conta das fortes chuvas que caíram na capital alagoana. Do outro, Renan Filho colocou a Secretaria de Cultura para bancar o evento como forma de confrontar o prefeito. Tanto que fez o anúncio com toda pompa e circunstância privilegiando as festividades juninas da capital, em detrimento do interior.

As administrações trocam farpas. O governador tem uma vantagem enquanto candidato à reeleição: é bem avaliado como mostram as mais recentes pesquisas. Porém, também atira no escuro, pois uma coisa é Rui Palmeira decidir enfrentar Renan Filho. A outra é mirar em Renan Calheiros e disputar o Senado Federal. Além disso, dentro do próprio PMDB há a candidatura do ministro Marx Beltrão ao Senado, o que também atrapalharia os planos de Calheiros.

Do lado tucano, tudo depende da decisão de Rui. Mas, nomes ao Senado não faltam: o secretário de Saúde, José Thomaz Nonô (Democratas), o senador Benedito de Lira (PP), que já disse que parte para a reeleição, dentre outros.

Terceiras vias: JHC quer agrupar Heloísa Helena e Cabral. Outros grupos se “ajeitam”

Diante deste quadro, o que surge são partidos que tentam formar blocos políticos menores por enxergarem a possibilidade de uma terceira via que se apresente como novidade e acima desta disputa. Quem está de olho no assunto – segundo informações de bastidores – é o deputado federal João Henrique Caldas, o JHC (PSB).

JHC testou sua popularidade em 2016, quando foi candidato à Prefeitura de Maceió e foi o terceiro mais votado. João Henrique acredita – e tem trabalhado para isso - que pode construir um grupo que tenha densidade eleitoral para uma chapa completa. Os nomes que estão na mira de João Henrique são a ex-senadora e ex-vereadora Heloísa Helena (Rede), o ex-deputado federal Régis Cavalcante (PPS) e o petista Judson Cabral. Em se consolidando, Cabral estaria de malas prontas para sair do PT.

A questão é que Cabral faz parte do grupo de Renan Filho, já que está presidindo o Serviços de Engenharia do Estado de Alagoas (SERVEAL). Mas aí são detalhes para pensar mais adiante. JHC pode ainda assediar Ronaldo Lessa, que pensa em ser candidato ao Senado Federal, mas – ao lado de Rui Palmeira – pode ter que se contentar em disputar a reeleição para a Câmara de Deputados.

Também tentando correr por fora está o PROS que é comandado pelo deputado estadual Bruno Toledo. Toledo é candidato à reeleição, mas busca fomentar um grupo que tenha bons nomes para a majoritária, como as apostas em Pinto de Luna e Alexandre Toledo. Atualmente, o PROS faz parte da base de Rui Palmeira, mas Toledo já disse que se encontra aberto ao diálogo e busca montar o melhor projeto para o partido.

Fora deste cenário, há ainda a tradicional esquerda. O PT recompõe com o PMDB e passa a integrar o grupo ou vai lançar candidato? É uma incógnita. Paulão não encararia uma missão à majoritária depois do desgaste na disputa pela Prefeitura Municipal. O resultado da legenda foi pífio. Logo, teria que se buscar outro nome para compor. O presidente estadual do PT, ex-vereador Ricardo Barbosa, não rejeita – como disse em recentes entrevistas – a possibilidade do PT protagonizar uma disputa. De todos os partidos políticos brasileiros, entretanto, a legenda é uma das mais desgastadas.

O PSOL – que apostou em Gustavo Pessoa na disputa pelo Executivo da capital alagoana – pode apresentar o mesmo nome na disputa pelo Governo do Estado. Quem busca um espaço na legenda para concorrer ao Senado Federal é o defensor público Othoniel Pinheiro. Pinheiro tem adotado um discurso na busca pelos votos da esquerda no Estado de Alagoas.