Com análises diferentes sobre o momento de transformação (ou será destruição?) e alteração nas regras entre produção, industrialização e relações entre empresas e trabalhadores, o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, e o empresário Benjamin Steinbruch, diretor-presidente da CSN e 1º vice-presidente da Fiesp, convergem suas ideias para um mesmo ponto: Decepção com o governo Temer e perdas para trabalhadores e para a indústria nacional.
O procurador diz que vai questionar pontos inconstitucionais da reforma trabalhista e que se a intenção é “fazer com que os procuradores se acanhem, se retirem da atividade investigativa, o efeito vai ser o inverso".
Fleury também levanta um ponto bastante curioso sobre os argumentos defendidos pelo governo Temer e sua base no Congresso: “Há dez anos o Brasil era a sexta economia do mundo. Com qual legislação trabalhista? Essa mesma”, questiona.
Já o empresário, em artigo publicado na Folha, critica duramente o atual momento vivido pela indústria nacional. Para ele, “a desindustrialização avança a passos de gigante e o neoliberalismo radical impõe a ideia de que a indústria brasileira deve ser entregue à sua própria sorte, sem ter as condições para competir em igualdade com os concorrentes internacionais".
Para Steinbruch, existe um "cunho ideológico" liberal" que "é um desastre para o país". Vai adiante ao dizer que "Fundamenta-se no pressuposto ingênuo de que o mercado regula tudo e que a indústria brasileira pode competir com os concorrentes internacionais em igualdade de condições, quando, na verdade, é assolada por uma série de desigualdades, como o custo do capital astronômico, a tributação excessiva, o custo incerto da energia e a burocracia infernal”.