O Ministério da Saúde informou, nesta quinta-feira (11), o fim da situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência do vírus da Zika, transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti e sua associação com a microcefalia. A pesquisadora Débora Diniz, da Universidade de Brasília, em entrevista à Folha de São Paulo, disse que o relatório dos afetados pelo vírus em Alagoas será divulgado na próxima semana.
Débora Diniz ainda ressaltou que o fim da “emergência humanitária” do zika ainda está em curso no país e que mulheres e crianças afetadas pelo vírus continuam desprotegidas de políticas sociais.
“O fim da emergência as abandonará ainda mais. Serão esquecidas como vítimas de uma fatalidade que passou. Não passou. O mosquito ainda está lá. E as mulheres estão à espera das políticas prometidas”.
Com relação ao relatório de Alagoas, a pesquisadora afirmou que os afetados no Estado são majoritariamente adolescentes, desprotegidas das políticas sociais e fora da escola.
Para ela, é preciso qualificar a mensagem sobre o fim da emergência. “Não acabou o risco. Só esquecemos as mulheres afetadas”.
Durante o anúncio, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Adeílson Cavalcante, destacou que o enfrentamento ao Aedes aegypti será mantido em todos os níveis de vigilância. “O fim da emergência não significa o fim da vigilância ou da assistência. O Ministério da Saúde e os outros órgãos envolvidos no tema irão manter a política de combate ao Zika, dengue e chikungunya, assim como os estados e municípios”.
Dados
Até 15 de abril deste ano, foram registrados 7.911 casos de Zika em todo o país, uma redução de 95,3% em relação a 2016, quando ocorreram 170.535 notificações. Os dados de microcefalia têm apresentado redução importante no número de casos novos notificados a cada semana, desde maio de 2016. Os casos novos mensais têm se mantido em 2% desde o mês de janeiro de 2017. No pico dos casos de microcefalia, em dezembro de 2015, foi registrado incremento de 135% nas notificações.
Além disso, neste momento, o Brasil não preenche mais os requisitos exigidos para manter o estado de emergência. Um dos quatro pontos da avaliação de risco da OMS é de que o evento seja considerado incomum ou inesperado, o que não ocorre mais, visto que já há conhecimento científico suficiente que comprove a relação do Zika e as alterações neurológicas.
*com informações de Agências