De forma espontânea, o crescimento desordenado das cidades tem criado desafios para a garantia da qualidade de vida nos diferentes centros urbanos. As consequências deste mau planejamento estão refletidas não só nos problemas econômicos, culturais, sociais e ambientais de uma comunidade, mas atingem também questões de infraestrutura e mobilidade urbana.

Em Alagoas, a capital Maceió é um dos principais exemplos de como a ausência de uma organização estrutural pode influenciar no funcionamento otimizado de uma cidade. A sua origem foi por acaso e está ligada a um período em que o local servia como rota de escoamento da produção entre o interior e o porto de Jaraguá.

De lá pra cá, o desenvolvimento urbano ocorreu de modo desenfreado a partir da criação da Avenida Fernandes Lima, que até hoje é o principal corredor viário entre a parte alta e o centro de Maceió. Na tentativa de reverter esta situação, o Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Transporte e Desenvolvimento Urbano (Setrand), tem investido em diversos projetos de mobilidade.

A ideia é contribuir para o replanejamento do desenho urbano e resgatar a qualidade de vida das cidades, a exemplo da implantação dos eixos viários na capital alagoana. De formato binário, as vias foram projetadas para amenizar o grande fluxo de tráfego na Avenida Fernandes Lima e criar mais uma alternativa ao sistema viário radial de Maceió, como explica a superintendente especial de Transporte e Mobilidade Urbana, Andreia Estevam.

“Temos uma cidade estruturada a partir de sistemas de vias radiais, ou seja, que convergem o trânsito de veículos para uma mesma região, no nosso caso, o centro de Maceió. Nossa maior preocupação é estabelecer alternativas a este modelo viário e paralelamente trabalhar com o reforço das interligações entre estes trajetos”, ressalta a superintendente especial de Transporte e Mobilidade Urbana.

Na parte alta da cidade, a Avenida Cachoeira do Meirim é uma importante via de ligação entre a Avenida Menino Marcelo e o bairro do Benedito Bentes - o mais populoso e um dos mais afastados do centro. Apostando na aproximação entre regiões, o Estado duplica os quatro quilômetros da rodovia e adota ainda um novo conceito de valorização do transporte não-motorizado ao incluir no projeto a implantação de ciclofaixa, canteiro central, passeios, calçadas e faixas de pedestre. 

Outra consequência da falta de planejamento é a o adensamento populacional em áreas inadequadas para moradia, como é o caso das grotas. Os desafios em infraestrutura e mobilidade nestes locais levaram o Governo de Alagoas a assumir o compromisso de recuperar os equipamentos urbanos.

Liderado pelo Pequenas Obras, Grandes Mudanças, o Estado já construiu escadarias, passeios, além de serviços complementares, como a execução de corrimão, canaletas, pontilhão, meio-fio e muros de contenção. Até o momento, mais de 20 comunidades estão recebendo os benefícios do programa, em Maceió, se estendendo ainda para o interior do Estado, como é o caso de São José da Laje.

“As grotas são como grandes ‘feridas’ nas áreas urbanas. O que estamos fazendo é integrá-las ao restante da cidade, por meio de serviços de mobilidade, aliados a incorporação de espaços de convívio e lazer nas comunidades. Ao revitalizar a estrutura e aparência das grotas, resgatamos a autoestima e cidadania da população, que se apropria mais do local onde vive”, avalia o secretário executivo de Transporte e Desenvolvimento Urbano, Alcides Tenório.

No interior

Os projetos de redesenho urbano também chegam ao interior de Alagoas com o programa Pró-Estrada. Isso porque o Estado tem se dedicado a reestruturar não só a malha rodoviária estadual, como dá uma nova cara às fachadas dos municípios por meio da recuperação asfáltica do acesso e vias urbanas das cidades.

As possibilidades foram ampliadas e agora a população de mais de 30 municípios ganha em segurança viária, integração regional, além de desenvolvimento econômico e social. “Recuperar o acesso de uma cidade é como reformar a fachada da sua casa. Melhoramos o deslocamento dos habitantes, que se sentem valorizados e convidados a participar da malha viária do Estado”, destaca Andreia Estevam.