Os desdobramentos da Lava Jato seguem a todo vapor. Dezenas e mais dezenas de deputados federais e senadores envolvidos até o pescoço no esquema propinas. Na semana passada foi a vez da oficialização de suspeitas sobre 13 governadores e alguns ex-governadores, caso de Teotonio Vilela (PSDB-AL).
Alguma surpresa? Nenhuma. Todos foram beneficiados pelo tradicional esquema político que estava servido e alimentava o PMDB, PSDB, PT, PP, PR, entre outros, e quase todos os partidos. E se tá bom e dá pra se lambuzar, inexiste motivo para mudar, entendem os beneficiados.
Assim foi movimentada a roda dessa história durante décadas.
Mas, ainda falta o Judiciário nesse processo de ‘revelação’. É que o esquema entre políticos e empresas não poderia sobreviver sem o apoio especial e estratégico de juízes em decisões de disputas judiciais raramente contrarias aos interesses das empreiteiras.
Pendengas sobre questões ambientais, disputa entre herdeiros ou de posse de terras, terras indígenas, aumento de preços das obras, mudanças de projetos, por exemplo, nada disso foi empecilho para conclusão dos projetos, apesar da atuação dos MPs.
E essa ‘revelação’ está cada vez mais próximo de ocorrer. Principalmente após a Polícia Federal e o Ministério Público cumprirem, nesta quarta-feira (29), uma nova etapa da Lava Jato, que tem como alvo o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ).
Operação foi viabilizada através da delação premiada do ex-presidente do órgão, Jonas Lopes de Carvalho Filho. Cinco conselheiros tiveram prisão preventiva decretada por participação em pelo menos dois esquemas de arrecadação de propina para fazer vista grossa para irregularidades praticadas por empreiteiras e empresas de ônibus que operam no estado.
Ora, se conselheiros foram beneficiados para, digamos, não se intrometerem na fiscalização das obras, essa estratégia só daria resultado se também pudesse contar com a simpatia do Judiciário, muito mais importante para a solução de disputas e causas judiciais.
Aguardemos, portanto, os fatos dos próximos dias e suas implicações na economia e nas eleições de 2018.
É que impressiona o quanto o monstro da corrupção política e empresarial tem tentáculos por todos os setores e poderes.