A quebra de um acordo realizado nos bastidores para que o presidente da Assembleia Legislativa (ALE), deputado Luiz Dantas (PMDB), fosse reeleito como candidato único em uma nova chapa - também única - motivou momentos de tensão nesta quarta-feira, 01, durante a eleição da Mesa Diretora.

Em um determinado momento, o clima ficou tão tenso que os militares que fazem a segurança da Casa foram chamados para se posicionarem ao lado de Dantas.

Encarada como traição, a candidatura de Bruno Toledo (PROS) a presidente não foi "engolida" com facilidade e, por pouco, a votação do restante da Mesa não foi adiada, em questão de ordem do deputado Olavo Calheiros (PMDB).

O parlamentar alegou um requerimento onde Toledo questionava o "fatiamento" da eleição para justificar o pedido de adiamento, mas, após longas discussões e um discurso passional do deputado Marcelo Victor (PSD), Dantas determinou o prosseguimento do pleito, onde a nova composição - que tem Marcelo Victor na primeira secretaria - foi eleita com 22 votos e quatro em branco.

"Eu soube que havia um acordo para preservar vossa excelência (Luiz Dantas) na presidência e mudar toda a Mesa. Eu aceitei e fui surpreendido com a disputa para o cargo de presidente... Então acho que pode haver também disputa para o restante da Mesa", alfinetou Calheiros.

Antes de negar o pedido da e Olavo e dar prosseguimento à votação, Dantas também desabafou, contando que se surpreendeu com a candidatura de Toledo. "Isso não deveria ter ocorrido... Hoje à composição foi duvidosa, mas, se der para eu administrar essa Casa, eu vou. Se não der, vou ver os meios para isso".

Lembrando que Marcelo Victor estava bastante nervoso, o presidente completou: “Ouvi coisas que nunca pensei ouvir nesta Casa”.

Declaração de guerra

Diante da possibilidade do adiamento da eleição para votação da chapa única, Marcelo Victor apelou para Deus, a família de “todos os santos” para que o pleito ocorresse nesta tarde. Em outras palavras, ele também deixou claro que o adiamento seria uma declaração de guerra.

“Trata-se de uma estratégia para tentar destruir uma candidatura posta... Se partirmos para esse golpe de espadas, não iremos sobreviver a contento... Se essa eleição não ocorrer hoje irá dividir a Casa de forma incompatível com a pacificação e será impossível mantermos a convivência política e pacífica... Peço por todos os santos que não cometa esse assassinato político”, desabafou.

O parlamentar também ameaçou deixar a vida pública e ir embora de Alagoas com a família. “Jogamos o jogo, conseguimos o apoio... Todos saíram vencedores, o governo, e agora queremos a divisão do poder, que é eleger a nossa chapa... Para isso, enfrentamos todo lobby do poder e  a estrutura do governo... Entendo que esteja magoado por ter tido um candidato opositor, mas, pelo amor de Deus, não permita que saiamos daqui impossibilitados de convívio”, afirmou, sempre se dirigindo ao presidente da Casa.

"Pivô" das discussões, Bruno Toledo disse que sua candidatura nasceu do sentimento de inércia de alguns que conduzem a Casa com mão de ferro. Deixando claro que não estava se referindo a Luiz Dantas, Toledo apelou que, "se alguém tiver que ser perseguido, que seja ele, não a democracia".  

Presidida por Dantas, a nova Mesa Diretora da ALE é composta ainda por Francisco Tenório (1º-  vice-presidente): Galba Novaes (2º vice-presidente); Dudu Hollanda (3º vice-presidente); Marcelo Victor (1º secretário); Severino Pessoa (2º); Jairzinho Lira (3º); Davi Davino (4º) e os suplentes de secretários, Marquinhos Madeira e Thaíse Guedes.

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