O divórcio entre teoria e prática é a cara do PSB

22/01/2017 09:48 - Geraldo de Majella
Por redação

 

A revista Práxis nº 2/2016 (Quanta Consultoria e Editora) publica o relatório da Comissão Executiva nacional do PSB, Desenvolvimento e avanço civilizatório, assinado pelo presidente Carlos Siqueira. Este documento deve ser discutido pela militância do partido, pelos aliados e pela sociedade.

        A política publicada, em linhas gerais, não se transformará em ação política concreta no cotidiano do PSB. O esforço para a elaboração desse documento serviu apenas e tão somente para ornamentar o relatório com um título pomposo: Desenvolvimento e avanço civilizatório.

        As posições adotadas pela comissão executiva nacional e, sobretudo, pelo presidente nacional, Carlos Siqueira, através no texto de abertura do Relatório, deixa evidente que um é a negação do outro. Ou seja, a teoria é negada na prática e, desta maneira, abriu-se um enorme fosso político, ideológico e programático.

        Li o documento com atenção e anotei pontos como este na p.20: “Temos que restabelecer a antecedência do trabalho e da produção, sob a perspectiva estritamente financeira ou financista que tem conduzido as políticas econômicas, no Brasil e no mundo”.

Mais à frente o documento diz, na p. 21: “para fazer com que uma perspectiva efetiva de desenvolvimento seja concebida e implantada é preciso superar a dicotomia entre políticas macroeconômicas e políticas sociais. Tanto umas quanto outras devem ser pensadas na mesma chave, para permitir que as políticas sociais se transformem em políticas de Estado”.

Essa crítica velada contra a política econômica dos governos Lula e Dilma oculta o fato de que o PSB foi um dos fiadores e beneficiários da referida política. As administrações de Eduardo Campos podem servir como exemplo. Esta abordagem não pode ser levada a sério, por simplista e irreal.

O PSB, envergonhado, diz através de nota não apoiar o governo Michel Temer, mas mantém-se numa posição de independência; no entanto, libera as bancadas na Câmara e no Senado para participar do governo, inclusive com a indicação de um ministro e de outros cargos na administração.

O governo Temer avança contra as políticas sociais implantadas há 21anos e justifica que isso se dá para equilibrar as contas públicas. Corta investimentos nas áreas de educação, assistência social, agricultura familiar, previdência social e direitos trabalhistas, tudo em nome do ajuste fiscal. O sistema de proteção social corre sérios riscos de fenecer.

O PSB tenta, com uma retórica pouco convincente, defender políticas públicas que possam ser transformadas em “políticas de Estado”, mas como isso pode se efetivar num governo que avança contra os pobres e mantém os benefícios aos ricos?

Esse tipo de discurso deve ser definido como autismo político, fenômeno no qual o completo desligamento da realidade alimenta a criação mental de um mundo autônomo de profunda alienação. É uma leitura possível a ser realizada do documento Desenvolvimento e avanço civilizatório.

O documento é o divórcio entre teoria e prática que, mutatis mutandis, é a cara atual do PSB.

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