Quem conhece a ex-prefeita de Maceió, Kátia Born, sabe que ela – se não existir outra saída - não foge de uma briga. Foi assim que foi forjada desde os tempos em que lutou contra a ditadura, integrou os movimentos sociais, foi vereadora e prefeita por dois mandatos.
Claro, o tempo passou, sofreu derrota fatal ao tentar conquistar uma vaga na Câmara Federal em 2006. E se hoje está enfraquecida por não ter um mandato e ter perdido o apoio popular, continua a mesma guerreira, ainda mais quando significa a sua própria sobrevivência no comando do PSB.
Talvez - se orientado sobre as características da sua “adversária” interna, o deputado federal teria usado outras estratégia para conquistar o controle do partido. Sem importar a ordem, uma alternativa seria a negociação intensiva ou o afastamento célere dos membros da executiva estadual. Ao que parece nenhuma das duas formas foi usada.
E Kátia, acuada, parte para o confronto mobilizando o apoio dos membros do partido e atirando, via imprensa e redes sociais, críticas ao estilo de JHC no que lhe é mais caro: a imagem de político moderno, representante do “novo” nesse ofício tão sob suspeição.
Pelo andar da carruagem, mesmo vitorioso JHC sairá do embate com algum desgaste ao derrubar uma personagem histórica e sem suspeição de desonestidade na política. Uma mulher de luta, formada e conhecida nessa seara e que está sendo transformada em vítima do jovem parlamentar.
E caso não consiga o controle do PSB terá os seus planos de protagonismo prejudicados para o pleito de 2018. Ou seja, o que começa sem análise de cenário e de riscos, sem avaliação de alternativas e possibilidades e sem estratégia de comunicação tende a criar problemas graves, caso algo saia do controle.
Portanto, ou faltou maturidade a JHC ou ele foi mal orientado. Ou as duas possibilidades estão certas. Mesmo que vença essa queda de braço sofrerá ferimentos. A questão agora é calcular quais serão menos profundos e mais rapidamente irão cicatrizar quando se trata da sua imagem no presente e no futuro.
Kátia age, fala e divulga. JHC silencia.
Vivemos uma época em que a primeira versão é, geralmente, mais forte e importante do que a verdade.