Uma casa com estátuas de santos é sinônimo de lar protegido. Além de facilitar a vida dos devotos, que podem cultuar as imagens sem precisar ir a igreja todos os dias, as esculturas sacras também conferem um toque especial na decoração.

Três santas negras da Igreja Católica

Você já ouvir falar delas? Relembre a história de Nossa Senhora Aparecida e conheça também duas mulheres negras que foram canonizadas:

Nossa Senhora Aparecida

Com milhões de devotos pelo Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida é uma das santas mais cultuadas em nosso país. Para se ter uma ideia, só em seu santuário, na cidade de Aparecida do Norte, em São Paulo, quase 12 milhões de fiéis por ano prestam homenagem à Padroeira do Brasil.

Considerada milagrosa, a estátua de Nossa Senhora Aparecida é esteticamente diferente das outras. A imagem retrata a Mãe de Jesus Cristo como uma santa negra. Ela foi encontrada por três pescadores, em 1717, no Rio Paraíba do Sul.

Mesmo sabendo que não era época de peixes, os pescadores atiraram suas redes no rio. E nada de conseguir um pescado sequer. Após inúmeras tentativas, eles acabaram pescando por acidente o corpo da estátua e na sequência a cabeça. Dessa forma, constataram que se tratava de uma estátua diferente de Nossa Senhora da Conceição.

Ela possuía uma coloração escura e devido a forma com que foi encontrada começou a ser chamada de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Depois que a imagem santa apareceu, os pescadores conseguiram fatura de pescado. Nascia aí o primeiro milagre atribuído a estátua.

Santa Sara Kali

Considerada a padroeira do povo cigano, Santa Sara Kali é também a protetora dos bons partos. Além disso, é conhecida por conceder a graça da gravidez às mulheres que tanto desejam, mas não conseguem.

Kali, na verdade, significa negra em indiano enquanto Sara é um nome de origem hebraica. Por esse motivo a estátua da santa é escura.

Seu santuário fica na França. Mas, especificamente na cidade de Saint Marie de La Mer, no sul do país. Isso porque foi lá que ocorreu o milagre feito pela santa.

O dia de Santa Sara Kali é celebrado no dia 24 de maio com uma grande festa no Arpoador, no Rio de Janeiro. Lá fica situada a gruta dedicada a ela onde vários devotos agradecem e fazem pedidos.

Velas, incensos e fitas coloridas são levadas pelos fiéis nos momentos de louvor. Mas, há diversas celebrações também em outras cidades do Brasil.

Existem muitas versões da história de Santa Sara. A mais famosa é que ela seria escrava de José de Arimatéa e estaria em um barco, sem comida e remos, junto com as três Marias (Maria Madalena, Maria Jacobina - irmã da Virgem Maria - e Maria Salomé - mãe dos apóstolos João e Tiago) para navegar até a morte.

Sara orou a Deus pela salvação de todos e prometeu que se o milagre ocorresse, ela usaria um lenço na cabeça em sinal de agradecimento até sua morte. E assim foi.

O barco teria ido parar no sul da França e um grupo de ciganos teria acolhido todo o grupo. Os restos mortais de Santa Sara estão até hoje na Igreja das Santas Marias.

Santa Bakhita

Considerada uma das poucas santas negras da Igreja Católica, Bakhita (que significa afortunada) foi canonizada no ano 2000. Ela nasceu em 1869, no Sudão, onde foi roubada ainda criança por mercadores de escravos e vendida por diversas vezes.

Infelizmente foi vítima de muitos tipos de violência durante grande parte de sua vida. E uma das consequências psicológicas foi o fato de não lembrar nem mais seu próprio nome.

Foram anos de sofrimento que Bakhita viveu até que um dia o cônsul da Itália no Sudão a comprou e libertou da escravidão. Ele também a levou para Veneza. Lá a ex-escrava foi ama de uma criança que era filha de amigos do representante do consulado italiano.

Depois de muitos anos vivendo na Europa, Bakhita teve que voltar para a África. Isso ocorreu porque a família para qual ela trabalhava precisou se mudar para cuidar de negócios.

Para proteger sua filha, o casal italiano a deixou junto com Bakhita, que era sua babá, em um convento. Foi lá que as irmãs de caridade da Congregação de Santa Madalena evangelizaram a africana. E assim com 21 anos de idade, a moça foi batizada com o nome de Josefina Bakhita.

Durante o período em que esteve vivendo entre as freiras, a nova católica descobriu sua vocação para a vida religiosa e se tornou uma delas. Quando os patrões de Bakhita retornaram para buscá-la junto com a filha deles, a nova serva do Senhor agradeceu, mas disse que ficaria na congregação.