Na última semana, o Ministério da Saúde admitiu que o Brasil enfrenta uma epidemia de sífilis e os números mostram um aumento alarmante de casos entre 2010 e 2016. Há também um aumento preocupante dos casos de sífilis congênita, que é quando há a transmissão da mãe grávida para o bebê. Destes casos, Alagoas registrou neste período 2.315 casos e até setembro deste ano já foram notificados outros 235.

Em todo o país, segundo dados do Ministério da Saúde, de 2010 a 2016 foram notificados quase 230 mil casos novos da doença. Em 2015 foram registrados 6,5 casos de sífilis congênita em bebês a cada mil nascidos. Em 2010, o percentual era de 2,4 bebês com a doença para cada mil nascidos.

Em Alagoas também houve um aumento considerável nos últimos anos. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), em 2010 foram registrados 214 casos de sífilis congênita, 317 em 2011, 366 casos em 2012, 409 casos em 2013, 413 casos em 2014, 361 casos em 2015 e até setembro de 2016 já foram notificados 235 casos da doença.

Segundo a coordenadora do programa DST/AIDS da Sesau, Mona Lisa dos Santos, a doença vem aumentando muito nos últimos anos e preocupando gestores da saúde. Ela destacou que um dos desafios a serem vencidos para conseguir conter o avanço da doença é promover a conscientização dos homens para a necessidade de eles também realizarem o tratamento adequado.

“A sífilis vem aumentando muito nos últimos anos e estados e municípios já vinham alertando sobre isso antes mesmo do governo federal confirmar a epidemia. Nós intensificamos as ações, porém o parceiro nem sempre é tratado. Hoje menos de 10% dos homens realizaram o tratamento adequado”, explicou.

Nestes casos, se o parceiro não é devidamente tratado quando a gestante é diagnosticada com sífilis, o bebê passa a ser notificado como mais um caso de sífilis congênita. Diante do avanço da doença, houve um reforço nas ações e também a disponibilidade de diagnósticos por meio de testes rápidos nos postos de saúde. Nas unidades também é possível realizar todo o tratamento.

“A nossa principal recomendação é que a mulher tão logo desconfie da gravidez vá a uma unidade de saúde realizar os testes. Em caso de sífilis reagente, o parceiro também deve ser convocado e tratado conjuntamente. Vale lembrar que qualquer unidade de saúde realiza o teste e o tratamento”, alertou.

Diagnóstico e tratamento da Sífilis

A Sífilis é uma Doença Sexualmente Transmissível (DST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior. Em sua forma congênita é transmitida da mãe infectada para o bebê durante a gestação e pode causar aborto espontâneo, parto prematuro, má-formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental ou morte ao nascer.

Nos bebês os sintomas da doença podem aparecer logo após o nascimento e até os dois anos de vida da criança.

O tratamento da sífilis é feita com uso da penicilina benzatina e o tratamento dos parceiros. Se a criança nascer com sífilis congênita, ela deve ficar internada para receber tratamento.