Caminho da Luz (I)

28/07/2016 18:18 - Geraldo de Majella
Por redação

 

Em 2010 sofri um enfarte, sem grandes consequências. Fui submetido a um procedimento em que as artérias foram desobstruídas com um cateter manejado pelas mãos habilidosas do cardiologista Dr. Gilvan Dourado, que deixou dois stents como marcas da ciência em meu coração.

        Exercícios, nunca fiz com a disciplina de um atleta, a não ser quando estudante, quando mantinha o desejo de competir em provas amadoras de atletismo. Ou nos jogos de futebol na praia. Mas durante todos esses anos realizei caminhadas na orla de Maceió. 

        A boemia desde muito jovem me atraiu, com ou sem bebidas alcoólicas. A minha dieta incluía tudo, exceto jiló e chuchu,

        A virada mais acentuada talvez tenha acontecido como causa do susto do enfarto aos 49 anos. Porém, considero ainda mais estimulante a disposição e a dedicação de Vânia, minha companheira, que faz caminhadas há mais tempo que eu, com rara disciplina e prazer.

        Essa conjunção de fatores me convenceu a caminhar com mais disciplina e regularidade. Daí em diante, caminhamos em Maceió, em outras cidades de Alagoas e fora do estado.

O Caminho da Luz passou a ser uma meta a ser atingida em 2016. Antes, os caminhantes que eu conhecia, pelo menos os mais antigos e próximos, eram pernambucanos: o economista Abelardo Caminha e as irmãs Lauriza e Nazaré Oliveira, que para meu espanto caminhavam da praia de Boa Viagem, em Recife, até a praia de Ponta Verde, em Maceió. São 270 quilômetros que ligam uma capital à outra, percorrida pela areia da praia, atravessando rios. Para mim, era uma vida típica de bandeirantes à caça de índios no sertão do Brasil colonial.

Agora me vejo na condição de caminhante e não me sinto um bandeirante. Sinto prazer em caminhar e olhar o quanto há de beleza nos caminhos. Procuro ainda mais encontrar beleza no simples que existe na vida rural, ribeirinha, e que em geral o sujeito urbano que passa no automóvel não tem condições de apreciar, e menos ainda vivenciar, nem que seja por alguns minutos ou horas.

Nos caminhos que percorri entre mares e lagoas, matas e canaviais, vegetação agreste e caatingas, fui me dando conta de quanto há de beleza nessas paragens. Mas foi o Caminho da Luz o meu primeiro grande trajeto percorrido, e o fato de alcançar o topo do Pico da Bandeira tornou-se o feito mais significativo.

Há outras belezas possíveis de encontrar na convivência com os caminhantes. Além das montanhas, serras, cachoeiras, matas, cantos de pássaros, e caminhar sobre cristal, recebendo energia oriunda da mica e de pedras semipreciosas.

Cada pessoa encontra o ponto de superação dos seus limites. A fé é uma delas, e talvez seja a mais comum ou a principal. Outros sentiram necessidade de caminhar para obter mais saúde. E há pessoas curadas de moléstias que não só mudaram o estilo de vida como encontraram sentido em viver com simplicidade.

Existem ainda aqueles que querem conviver, nem que seja por sete dias, com pessoas que têm os mesmos objetivos, ou seja: caminhar.

Eu me incluo entre os que passaram a caminhar para manter a saúde e também para conviver com pessoas diferentes das que convivo no dia a dia.

 

 

 

 

 

 

 

       

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