Partidos políticos e organizações criminosas, não há diferença no Brasil

04/07/2016 17:37 - Geraldo de Majella
Por redação

 

Não há sinais de que a crise política e econômica esteja no fim ou próximo disso, sendo ou não aprovado o impeachment. A Operação Lava Jato tem ampliado cada vez mais seus alvos e nada indica que esteja perto de ser concluída.

Os empresários, o baronato da construção civil brasileira, doleiros, diretores de empresas estatais, a Petrobras (a principal raiz da Lava Jato), políticos com mandatos parlamentares e executivos, governadores, prefeitos, ministros de estado e políticos sem mandatos, dirigentes de partidos políticos – o PT foi o primeiro grande partido a ser atingido, seguido pelo PMDB, PP, PTB, PSB, PR, que constituem a base aliada de qualquer governo desde 1985, o DEM/PFL e o PSDB (a oposição) –, estão sob a mira da PF, do MPF e da magistratura federal.

Esse cenário devastador aponta para a derrocada dos principais partidos políticos, dos empresários que financiavam as campanhas eleitorais e também se beneficiaram da pilhagem do Estado brasileiro. O mundo desabou sobre a cabeça dos chefões da política nacional, governo e oposição.

As denúncias e as investigações desvendaram a maior e mais sofisticada rede de corrupção e apropriação do Estado brasileiro de que se tem notícia no período republicano.

Partidos políticos com origem na esquerda, na direita e no centro transformaram-se em organizações criminosas. O estilo mafioso revelado pelos delatores é, talvez, a maior e mais surpreendente revelação no meio político-empresarial.

A tradicional corrupção, conhecida e tolerada socialmente, tida como um ato “natural” na cena cotidiana, é parte do passado. Pode-se afirmar que o tipo específico de corrupção denunciada pela mídia e até mesmo por políticos era uma prática amadora.

A profissionalização da corrupção incluiu sofisticação de serviços de lavagem de dinheiro com a participação ativa e preponderante de experientes doleiros, a aquisição de banco no exterior para uso exclusivo de lavagem de somas bilionárias de dinheiro público, além do uso de recursos tecnológicos de última geração.

A sofisticação empresarial em conluio com os políticos, em cada partido político ou organização criminosa, tem os capo di tutti capi ou os chefes de todos os chefes, como ocorre nas organizações criminosas estilo Máfia.

Os partidos com relevância no cenário nacional, a exemplo de PT, PMDB, PSDB, que chegaram à presidência da República e a exerceram durante 21 anos seguidos, estruturaram, cada um a seu modo, a partilha do Estado entre os partidos que formaram a base aliada, associando-se aos grupos empresariais da construção civil, setor elétrico, bancos e outros. É o maior assalto já descoberto no Brasil.

A sociedade acompanha com atenção e tem se declarado contrária a essas práticas mafiosas. A saída para a crise política ainda não foi identificada. O caminho não pode ser determinado pelos que foram pegos pilhando o Estado ou pelos que coonestaram com essas práticas criminosas.

O sistema político e partidário ruiu. E desse escombro não se pode esperar uma saída limpa, honesta e sem vícios antigos; mas estes podem ser encobertos se a sociedade civil não ficar atenta a isso.

Os políticos brasileiros, no geral, são desprovidos de escrúpulos e são produtos da apropriação do Estado. Na atual quadra houve a participação de partidos de esquerda, pelo menos na origem. Os partidos políticos no Brasil são organizações criminosas; há poucas exceções, e essas se encontram no campo da esquerda não petista.

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