Bateu o desespero no governo Temer, que era dado como governo definitivo, embora legalmente provisório. O que deveria servir para apaziguar os ânimos políticos e reconquistar a confiança dos agentes econômicos e financeiros virou uma fábrica de crises com quedas de ministros e gravações perigosas reveladas.

Em pouco mais de três semanas no comando já se fala no retorno de Dilma a partir da mudança de posicionamento de três senadores – quando bastava apenas um - decepcionados com o atual estado das coisas.

Ora, difícil imaginar que uma troca pura e simples seria a solução. Especialmente com o comando do governo nas mãos do PMDB. Quem imaginava que a Lava Jato poderia ser acalmada, amaciada, errou feio. O PMDB está até o nariz envolvido no esquema de financiamento. Assim como a maioria dos partidos.

Saindo e voltando Dilma, ou não, continuaremos convivendo até as eleições de 2018 com a Lava Jato sendo degustada em nossas mesas. Cabeças de políticos serão servidas como sobremesa. Esse processo tem e terá muitas vítimas. É parte do jogo a limpeza da sujeira.

E como em política a versão repetida é mais importante do que a verdade, a tese de que o afastamento de Dilma foi um golpe está se saindo vitoriosa internamente e também no exterior. É dessa forma, por exemplo, que trata o deputado federal Paulão (PT-AL) – provável candidato a prefeito de Maceió – em seu artigo “O golpe dos barões à democracia”.

Diz o deputado que o golpe foi orquestrado “pelo vice-presidente Michel Temer e o seu escudeiro Eduardo Cunha”. Para Paulão, “governo democrático, com opção por programas de inclusão que promovem a melhoria da qualidade de vida das camadas mais pobres, em nosso País, não dura”.

Paulão também afirma que o combate à corrupção “ainda está em sua infância e esse combate começou há menos de 10 anos”.

Lei abaixo o artigo na íntegra:

O golpe dos barões à democracia

Por: Deputado Paulão

Dissimulado e travestido de legalidade, o golpe institucional sofrido pela Presidente Dilma Rousseff se constitui em mais uma obra das elites brasileiras, já acostumada a esse tipo de ofensiva política. A história do Brasil nos mostra claramente  a postura das elites contra governos que promoveram a inclusão social.

Esses golpes vêm  desde o período do segundo governo de Getúlio Vargas. Por ter instituído a CLT favorecendo os trabalhadores e implantado a Petrobras para explorar o petróleo em solo brasileiro, Getúlio sofreu com várias perseguições da elite e acabou cometendo suicídio.

Não foi diferente com o  presidente João Goulart, que pensou em implantar reformas de base ligadas às questões agrárias, estudantis, urbana e política. Goulart acabou deposto pela elite retrograda que promoveu ações violentas contra ele.

Essa mesma elite mostrou sua cara, principalmente, via Rede Globo de Televisão, na campanha das Diretas Já. O povo verdadeiramente foi às ruas contra a ditadura militar e a emissora porta voz do governo elitista passou a esconder os fatos até que seus próprios funcionários se rebelaram contra a postura da emissora.

Ou seja, governo democrático, com opção por programas de inclusão que promovem a melhoria da qualidade de vida das camadas mais pobres, em nosso País, não dura. A democracia incomoda a essa gente e o fato da presidente Dilma está afastada do cargo atualmente é mais uma prova real de tudo isso. Ela não cometeu crime alguma.

As elites brasileiras falam de corrupção, sendo ela própria a mais perversa e  corrupta do mundo. Esquece de olhar seu próprio entorno. Ninguém de sã consciência pode ser a favor da corrupção que ainda é um grave problema no Brasil, exatamente porque o combate à corrupção ainda está em sua infância. Esse combate começou há menos de 10 anos.

Mas, o certo é que esse golpe, articulado pelo vice-presidente da República Michel Temer e seu escudeiro Eduardo Cunha comprova o que dizemos aqui. As primeiras ações do governo golpista mostram bem as intenções das elites. Logo na primeira semana passaram a anunciar a retirada de direitos trabalhistas, a redução dos programas sociais que favorecem aos filhos da pobreza, a redução dos recursos da saúde pública, a desestruturação do programa Minha Casa Minha Vida e (pasmem!) a imposição da mordaça no Ministério Público.

O que temos em prática é um atentado à democracia. A missão do Partido dos Trabalhadores, agora na trincheira da resistência, é seguir mobilizando sua militância para a defesa do legado social construído no País por Lula e Dilma. Principalmente por que o mundo inteiro, com raríssimas exceções, reconhece que o País sofreu um novo golpe, bem ao gosto dos barões da mídia nacional.